Minhas aventuras dentro de uma quadra de tênis nunca foram dignas de nota. A verdade é que eu e a bola amarela carecíamos de maior intimidade – também conhecida como talento. Quando jovem, cheguei até a jogar com certa frequência, para alegria (ou desespero, nunca soube ao certo) de meus adversários. Apesar da patente inaptidão, sempre fui fã do esporte. Acompanhar pela TV as partidas de grandes tenistas passou a ser mais do que um prazer: era quase obrigação. Desde Borg e McEnroe, até as batalhas épicas protagonizadas pelo Big Three nas duas últimas décadas, minha admiração por uma partida bem jogada só cresceu. Gustavo Kuerten, claro, deu sua inestimável contribuição ao transformar encanto em paixão verde-amarela.
Até há relativamente pouco tempo, não havia tido a oportunidade de assistir, presencialmente, a um jogo profissional de alto nível. Tudo mudou no ano de 2016, quando as Olimpíadas do Rio me aproximaram de nomes como Serena Williams e Andy Murray. A cereja do bolo, entretanto, estava reservada para o mês seguinte.
A final do US Open daquele ano aconteceu no emblemático dia 11 de setembro, exatos 15 anos depois da queda das torres gêmeas. Além da americana, a bandeira brasileira aparecia em destaque fora do estádio, com Bruno Soares campeão de duplas (João Fonseca, como campeão juvenil, repetiria a façanha 7 anos depois). Na quadra central, o então número 1 do mundo, Novak Djokovic, acabou sendo vencido pelo suíço Stan Wawrinka. O sérvio perdia, assim, a chance de conquistar seu terceiro título no Arthur Ashe Stadium.
Novamente líder do ranking mundial, Djokovic acaba de conquistar seu quarto título em Nova York. Derrotou, em quadra, um Medvedev em sua melhor forma. Fora dela, na maior de suas vitórias, derrotou o tempo, para confirmar que – aos 36 anos de idade – é mesmo o maior monstro sagrado da história do tênis. Que bom que pude vê-lo jogar.