Mui amigos…

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– Você vai fazer o quê?

– Emprestar dinheiro pro Beto.

– Ficou louco? O cara nem te pagou o último empréstimo.

– Ele me prometeu que vai pagar desta vez.

– Desta vez? E você acreditou? E quanto ao valor que ele ainda tá devendo?

– Fico meio sem graça de cobrar, sabe?

– Mas tô vendo que ele não tem vergonha nenhuma de pedir.

– Fui eu que ofereci.

– Só pode ser piada. Até parece que a gente tá nadando em dinheiro.

– Estamos bem melhores do que ele. Tenho que dar uma força.

– Dar uma força? Nossa casa tá cheia de goteiras, precisa de um monte de reformas, e nossa geladeira tá quase vazia. E você quer emprestar dinheiro pra quem não paga?

– Ele mudou muito, e tá numa situação privilegiada agora.

– O cara não para de gastar, deve a Deus e o mundo, e acha que jogar bola é mais importante que trabalhar. Onde é que tá a “situação privilegiada” que eu não enxerguei?

– Ele precisa do meu apoio.

– Não tô acreditando. O que ele vai fazer com o dinheiro?

– Levar gás pra casa dele.

– Ah, fala sério, outro dia mesmo você tava cheio de moral criticando todo mundo que ajuda a poluir o planeta.

– Tava mesmo. Mas o caso dele é diferente.

– Diferente só porque ele faz parte daquela sua turminha, né?

– Ele, o Huguinho, e o Miguel sempre estiveram ao meu lado, mesmo nos momentos difíceis. É difícil de entender?

– Não. Difícil de entender é você cobrar caráter e honestidade de todo mundo, mas ficar cheio de gracinhas com esses picaretas, autoritários que não admitem ser contrariados.

– Que exagero, eles adoram bater um papo. Sabia que hoje mesmo Huguinho e Miguel vieram conversar sobre um empréstimo?

– Quem poderia imaginar, né?

– Você fica debochando, mas saiba que eles estavam morrendo de saudades de mim.

– Eu também estaria se tivesse alguém que me empresta um dinheiro que eu não preciso pagar.

– Não se preocupe, em breve todos os nossos recursos serão um só.

– Não entendi. Ali, que eu saiba, só tem falta de recurso.

– A gente segura a barra.

– E eles entram com o quê? Não me diga que é charuto, porque o armário ainda tá cheio.

– Pois é, sabe aquela coisa de jogar bola?

– Luiz, Luiz, abre teu olho. Depois te ponho pra fora de casa e você vai reclamar que eu tô dando um golpe…

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