Gosto dos conservadores. Mas daqueles conservadores que não precisam bater no peito com orgulho ao assim se definirem. Daqueles que não se autonomeiam “pessoas de bem” porque o bem está no caráter, na lisura, na humildade, e não na forma como alguém se posiciona diante dos mais diversos costumes. Daqueles que respeitam a opinião alheia e, pelo menos, esforçam-se para entender os contextos que levam o outro a pensar de forma diferente. Daqueles que defendem seus valores sem buscar impô-los a toda a sociedade. Daqueles que não são hipócritas a ponto de pedir a condenação de um viciado depois de se drogarem na festa do fim de semana, ou a ponto de se revoltarem contra uma mulher que escolheu não levar adiante sua gestação depois de pagarem pelo aborto da empregada que o filho adolescente engravidou. Daqueles que consideram a família como uma espécie de célula-tronco, capaz de – se bem cuidada – ajudar a criar uma comunidade mais justa e fraternal.
Gosto dos progressistas. Mas daqueles progressistas que não precisam bater no peito com orgulho ao assim se apresentarem. Daqueles que não se consideram “fonte de todas as virtudes” porque as verdadeiras virtudes são o caráter, a lisura, a humildade, e não a forma como alguém se posiciona diante dos mais diversos costumes. Daqueles que respeitam a opinião alheia e, pelo menos, esforçam-se para entender os contextos que levam o outro a pensar de forma diferente. Daqueles que defendem seus valores sem buscar impô-los a toda a sociedade. Daqueles que não são hipócritas a ponto de amaldiçoar os privilégios apenas até que os alcancem, ou a ponto de se engajar em uma causa coletiva somente em busca de projeção individual. Daqueles que consideram a família como a célula-tronco do amor, cientes de que o amor não admite regras, dogmas ou preconceitos.
Gosto dos moderados. Mas daqueles moderados que não precisam bater no peito com orgulho ao assim se nomearem. Daqueles que entendem que o equilíbrio que têm como princípio não os impede de se posicionarem diante dos mais diversos dilemas. Daqueles que não se calam frente às injustiças, mesmo que sua índole valorize mais o silêncio do que a palavra. Daqueles que funcionam como contraponto de tolerância em uma sociedade dominada pelo radicalismo. Daqueles que entendem que o diálogo e a diplomacia sempre serão as mais eficientes e poderosas armas com as quais a humanidade pode contar.
Gosto dos radicais. Mas daqueles radicais que não precisam bater no peito com orgulho ao assim se identificarem. Daqueles que são radicalmente contrários a toda forma de violência, de discriminação, de crueldade. Daqueles que sabem que a indignação que têm como princípio não os impede de lançar mão da ponderação e da livre troca de ideias. Daqueles que não se tornam porta-vozes de toda e qualquer questão, mesmo que sua índole valorize mais a palavra do que o silêncio. Daqueles que agem como contraponto de metamorfose em uma sociedade dominada pela acomodação. Daqueles que entendem que o debate em busca do bem comum sempre será a mais eficiente e poderosa arma com a qual a humanidade pode contar.
Gosto dos seres humanos. Ainda…