Filme repetido…

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– Netflix, boa tarde.

– Boa tarde é o cacete. Quero falar com o dono disso daí.

– O senhor ligou para o atendimento ao cliente. Posso ajudá-lo de alguma forma?

– Pode. É só tirar do ar o filme daquele comunista que quer que toda criança vire gay.

– Com quem estou falando?

– Não interessa, talquei? Só falo meu nome pro dono. Depois a imprensa vai me acusar de interferência e outras babaquices.

– Senhor, eu não tenho como transferi-lo para a diretoria e muito menos como alterar a nossa grade de programação.

– Pois fique sabendo que eu vou mandar prender todo mundo aí por atentado ao pudor, talquei?

– O máximo que eu posso fazer é abrir uma reclamação. O senhor se refere a algum filme em particular?

– Sim, mas não sei o nome. Recebi a cena pelo Telegram. Se dependesse da imprensa não ficava sabendo de nada. É aquele que tem uma cena de masturbação.

– Beleza Americana? Cisne Negro? Nove e Meia Semanas de Amor?

– Lembro bem desse último aí. Bati umas boas pun… bom, deixa pra lá. Não é nenhum desses, o filme que eu tô falando tem masturbação de adolescentes.

– American Pie? A Lagoa Azul?

– Nada disso. É um filme com cenas de pedofilia explícita.

– A Caça? O Silêncio? Uno? Os Intrusos? O Príncipe das Marés?

– Tô vendo que vocês só exibem pouca vergonha. É por isso que a família brasileira tá acabando. Mas eu não vou deixar, pode anotar.

– A única coisa que eu quero anotar é a sua reclamação, senhor. Vai prosseguir ou não?

– … ô zero dois? Quem são aqueles vagabundos do filme? Porchat e Gentili? Também, com uns nomes boiolas desses…

– Senhor? Acho que já sei de qual filme o senhor está falando. Vai concluir a reclamação?

– Não. Vou é mandar proibir de uma vez. E, no tocante aos filmes que você me disse, vou exigir que meu pessoal assista a todos. Menos o das nove e meia semanas que eu mesmo assisto.

– Acho pouco provável que o senhor consiga uma censura descarada dessas em pleno século XXI.

– Menina, você anda vendo muita indecência. Vou te indicar uns filmes da década de 60. Grandes dias aqueles. O bom é que a gente nunca sabe quando eles estarão de volta…

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