20 de março…

FB_IMG_1647758739108

Hoje é 20 de março e o verão – que não é bobo nem nada – recolhe-se diante de um calor com o qual não é capaz de concorrer. Caberá ao outono a tarefa de tentar amenizar o ardor que invade o dia. Brisas leves, manhãs frias e noites amenas são as armas de sempre. É o que lhe resta a cada ano. O ímpeto do lume que desperta com o sol, entretanto, não se abala. Trata-se de uma competição desleal, eu bem sei. Tentei igualá-lo, tempos atrás, quando ainda acreditava que me deixar aquecer era sinal de covardia. Tolo, jamais fui páreo sequer para seu brilho. Tomei-o, então, como farol, e os caminhos à minha frente tornaram-se bem mais nítidos.

Hoje é 20 de março e, outra vez, o mais justo dos sóis vem me despertar. É o sol de equinócio, que – assim como ela – espalha sua luz uniformemente, sem privilégios. O privilégio está em saber reconhecê-lo, em aceitar seu fulgor, em perceber as faíscas que insistem em cintilar naquele sorriso, em entender a força da claridade que emana daquele olhar.

Hoje é 20 de março e, assim como todos os dias, eu me espanto diante das centelhas que me vêm em forma de sagacidade, de doçura, de sensatez, de bondade, de senso de justiça, de carinho, de sedução. Não há fagulhas de arrogância, nem coriscos de soberba. Há, simplesmente, a luz.

Hoje é 20 de março e, como sempre, não encontro palavras que façam justiça à estrela que me guia pela vida afora. Por isso – assim como o verão – acabo delegando ao outono a desafiadora tarefa. Afinal, os piscianos costumam ser mais hábeis nos estudos do léxico. Cabe a mim abrir o vinho, servi-lo, e brindar com ela. Brindar à ela: a maior das minhas muitas bênçãos. Que as noites amenas e as brisas leves continuem a nos envolver por muitos e muitos anos. Garanto que a safra do amor é das melhores…

Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário