Férias…

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Trinta dias de conversas, afagos e mãos entrelaçadas chegaram ao fim. Trinta dias de sorrisos desarmados, de toques, de reencontros. Trinta dias repletos de oportunidades para que dois irmãos voltassem a se reconhecer grandes amigos. Trinta dias para que uma mãe voltasse a ser a voz sensata, a palavra amiga, a força capaz de aliviar os corações dos filhos. Trinta dias em que uma família pôde reviver rotinas ausentes há anos: papos triviais em torno da mesa, baldes de pipoca em filmes vistos em casa ou em salas de cinema, jogos de videogame, encontros de amigos, comemorações de Natal, brindes, confidências e recordações. Trinta dias em que pudemos saborear, juntos, novas emoções e descobertas. Lugares surpreendentes foram visitados, lágrimas de alegria foram compartilhadas, sonhos, promessas e ideais – ainda que individuais – passaram a nos ser comuns.

Para mim, os últimos trinta dias foram particularmente inesquecíveis. Pude voltar a ser o pai que busca e leva o filho a seus compromissos, que o aconselha, que percebe as aflições de seu coração apenas pelo semblante. Fui o pai que programa passeios e se satisfaz com os olhares de aprovação que recebe em troca. Fui, principalmente, o pai que se emociona diante dos grandes seres humanos que meus filhos prometem se tornar. Fui o pai que se aproveita da sabedoria de cada um deles, e que – através desta – dispõe-se a rever conceitos e opiniões. Fui o pai que se permite ser guiado, acalentado, protegido. Fui, pela primeira vez, um pouco filho dos meus próprios filhos.

Hoje, diante de mais um portão de embarque, beijos e abraços acompanharam o pranto pelo final desses trinta dias. São lágrimas conhecidas, gotas de ausência que insistem em irrigar os mesmos rostos a cada novo adeus. Todos sabemos que a dor é efêmera, ao contrário da saudade que se avoluma com o tempo. Todos esperamos, portanto, que as próximas despedidas machuquem menos. Mas a próxima insiste em ser a primeira. Pouco importa. Despedidas são tão especiais quanto cada um dos momentos eternos que vivenciamos juntos. Elas nos recordam de nossa própria finitude. Elas nos incentivam a viver intensamente cada instante e, assim, quem sabe um dia, poder afirmar que intensidade e felicidade estão muito mais próximas do que jamais poderíamos ter imaginado.

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