Eu ainda me lembro de quando o Brasil era chamado de país do futuro. O tempo passou e o apelido parece mais distante a cada dia. Verdade seja dita, o futuro até chegou a esboçar alguns lampejos. Permitimo-nos flertar com responsabilidade fiscal, liberdade individual e coletiva, consciência social, repúdio e combate à corrupção. Acuado, o passado decidiu retomar as rédeas antes que pudéssemos nos empolgar com as peripécias de um futuro petulante e inconveniente. O país do futuro deixou de ser propagado. Que pena. A alcunha continha – pelo menos – a perspectiva de tempos melhores. Aquele “um dia” haveria de chegar… um dia.
Não contente em ser o país do passado, o Brasil tornou-se país do antifuturo. Sim, porque o povo brasileiro caiu na farsa do “anti”, tão difundida nas duas últimas décadas. Começou entrando na onda antineoliberal, apontada então como a fonte de todos os nossos males. Buscamos nosso primeiro anti-herói: aquele que não tinha cultura nem capacitação, que se vangloriava por não ter estudado, que se satisfazia em se colocar como “anti”. Ser “anti” nos bastava. Compramos o engodo. Desmascarada a fraude, a incompetência e a corrupção, o brasileiro aderiu ao antipetismo. Buscamos, então, nosso segundo anti-herói: aquele que não tinha cultura nem capacitação, que se vangloriava por ser rude, indelicado, politicamente incorreto e ignorante, que se satisfazia em se colocar como “anti”. Ser “anti” continuou nos bastando. Compramos o engodo. Desmascarada a fraude, a incompetência e a corrupção, o brasileiro abraça agora o antibolsonarismo.
Hoje, os devotos de nossos anti-heróis – com o valoroso auxílio da imprensa – querem nos fazer acreditar que nossas opções de escolha restringem-se aos dois. Querem nos passar a ideia de que um é a antítese do outro. Querem nos vender o maior dos engodos. Mas Lula e Bolsonaro têm muito mais semelhanças que divergências. Ambos são toscos, despreparados, corruptos, incompetentes e só têm contribuído para a polarização da sociedade brasileira. Lula e Bolsonaro representam tudo o que há de mais pernicioso, de mais podre, de mais arcaico na política. Não por acaso, se retroalimentam. Não por acaso, dependem um do outro. Lula e Bolsonaro são o retrato perfeito do anti-Brasil.
Temos um ano e meio até a nossa próxima escolha. Ser “anti” não pode mais nos bastar. O culto ao “anti” só tem nos levado a um antipaís. Quero voltar a acreditar no Brasil do futuro. Não creio que o futuro tenha desistido de nós. Só temos que aprender a trocar o prefixo.