O risco Bolsonaro…

Podem baixar a guarda, caros amigos bolsonaristas. Apesar do título intencionalmente provocador, a presente reflexão não pretende replicar as acusações de sempre, sejam elas reais, falsas ou exageradas. Tampouco vou falar sobre homofobia, racismo, desigualdade de gênero, machismo, direitos das minorias ou outros temas similares que tanto têm atraído a atenção de seguidores e detratores, e com os quais Jair Bolsonaro aprendeu a lidar com extrema naturalidade e franqueza, despido dos filtros impostos pelo politicamente correto. E esse é mais que seu grande mérito, é também a razão primordial que o tem levado a liderar as intenções de voto até agora. Apesar de considerá-lo totalmente despreparado para ocupar o posto mais importante do país, como já deixei bem claro em outras oportunidades, quero abordar neste texto uma outra questão: a real possibilidade de Jair Bolsonaro se eleger presidente do Brasil.

Estou ciente de que muitos vão me chamar, no mínimo, de imprudente, por estar me arriscando a fazer esta análise poucos dias após o sucesso da participação de Bolsonaro no Jornal Nacional. Realmente não tenho dúvidas de que seu confronto com os âncoras da Globo tenha lhe rendido novos votos e novos seguidores. Ainda assim, não vislumbro a menor possibilidade de que ele possa ser eleito já no primeiro turno, como muitos de seus seguidores afirmam categoricamente e tantos outros trabalham abertamente com esse intuito, inclusive lançando mão de notícias falsas, de teorias da conspiração e de deduções fantasiosas para demoverem os demais eleitores avessos às ideologias da esquerda da ideia de votarem em outros candidatos. E a razão principal na qual me baseio para fazer essa afirmação não está relacionada a dados de pesquisas ou a preferências pessoais. Jair Bolsonaro não será eleito no primeiro turno por uma mera questão matemática. Esta é a eleição com o maior número de candidatos desde 1989. Existem, no mínimo, quatro outros candidatos que concorrem na sua mesma faixa do eleitorado e que, inevitavelmente, irão tirar potenciais votos do candidato do PSL. Não há, portanto, campo para que ele cresça a ponto de atingir mais de 50% dos votos válidos em um cenário como esse. A conta simplesmente não fecha. Além disso – e agora sim entro na seara das perspectivas – é mais do que plausível afirmar que, após o início do horário eleitoral, Alckmin e Haddad irão crescer nas pesquisas, em função da capacidade de penetração de seus partidos na sociedade e do maior tempo de propaganda na TV. Haddad evidentemente está do outro lado do espectro político, mas o crescimento de Alckmim, aliado aos votos que Meirelles, Álvaro Dias e Amoêdo irão receber, inviabiliza inteiramente a eleição de Bolsonaro no primeiro turno.

E aqui abro um parêntesis para uma breve sugestão aos seguidores de Bolsonaro que insistem em propagar falsas notícias: não faz sentido essa tentativa tosca de desmoralização a todo custo das demais candidaturas. Além de não fazer diferença alguma agora, essas atitudes só têm provocado uma antipatia tão grande que poderá se refletir nos votos que o candidato certamente irá precisar em um provável segundo turno, que analisarei a seguir. Portanto, se me permitem um conselho, mudem de estratégia. Concentrem-se em enaltecer e valorizar as qualidades do seu candidato e ressaltar os pontos que entendam ser diferenciais em relação aos adversários dele. Debatam propostas e posturas. Todo debate é construtivo, mas não aqueles baseados em mentiras.

Bem, falando finalmente de segundo turno, e aqui justifico o título deste texto, Jair Bolsonaro tem a maior rejeição entre todos os candidatos. Mesmo aqueles que não acreditam nas pesquisas, certamente conhecem diversas pessoas de sua convivência e com ideologias semelhantes que simplesmente não o suportam. E esse é o grande perigo que sua candidatura sofre. Bolsonaro corre o sério risco de não reunir votos suficientes para derrotar seu adversário, mesmo que este venha do espectro da esquerda. Não é à toa que, nas pesquisas divulgadas até o momento, Bolsonaro não consegue vencer nenhum de seus adversários no segundo turno, com exceção de Haddad. Não estou afirmando aqui que sua eleição no segundo turno seja inviável, diferentemente de sua vitória já no primeiro turno. Mas, hoje, mesmo liderando todas as intenções de voto, não o coloco como o favorito destacado da disputa. Em outubro veremos se meus palpites têm algum fundamento. Façam suas apostas!

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