Problemas de um plantonista…

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Sede da Polícia Federal de Curitiba, quinze para uma da tarde de um domingo qualquer…

– Alô?… quem?… não me lembro… ah, plantonista, entendi… sim, senhor… sério?… imediatamente senhor… vou mandar soltá-lo, senhor… vamos sentir falta dele aqui, senhor, ele é um ótimo comentarista de futebol… claro, senhor… tenho só que atender uma outra linha, também estou sozinho aqui de plantão, senhor… sim, fique tranquilo, ele será solto daqui a pouco…

– Alô?… boa tarde, doutor… sim senhor… sério?… mas o senhor não estava de férias?… me desculpe, doutor, realmente isso não é da minha conta… pode deixar, vou mantê-lo preso, doutor… não, daqui ele não sai de jeito nenhum… sim, e ninguém entra… pode deixar, doutor, fique tranquilo. Deixe-me só atender a outra linha…

– Alô?… sim senhor… como assim? Acabei de receber a ligação do doutor… ok, vou esquecer que ele me ligou… ok, não repito mais o nome dele, senhor… sim, senhor, fique tranquilo, vou mandar soltá-lo agora. Só tenho que atender uma outra ligação primeiro…

– Alô?… aham… aham… aham… não, doutor, é que estou ficando muito confuso por aqui… mas o senhor fala uma coisa e ele me fala outra… sim, doutor, vou mantê-lo preso… sim… tem uma outra ligação na espera doutor… até logo, doutor…

– Alô?… mas… senh… por fav… será que o senhor poderia gritar um pouco menos?… por que ainda não o soltei? Eu nem consegui sair do telefone até agora, senhor… sim, senhor… vou tentar senhor… ah, meu Deus, tenho mais uma ligação, senhor… mas eu tenho que atender, senhor… sim, se for ele de novo eu prometo que desligo, senhor… até logo, senhor…

– Alô?… sim, doutora… sim, ele me ligou… três vezes… sim, ele também me ligou… mas, doutora, o que eu faço?… tiro o telefone do gancho?… todas as linhas?… até quando?… e se alguém vier pessoalmente?… portas fechadas e linhas ocupadas… entendi, doutora… sim, não atendo mais ligação nenhuma… pode deixar… meu nome, doutora? É Welington, à sua disposição… sim, sou plantonista… não, não vou fazer nenhuma bobagem, pode ficar tranquila… entendo o seu receio, doutora… não, não bebo nada há três dias… não, nunca fui filiado a nenhum partido… sim, fique tranquila… boa tarde para a senhora…

– Welington, grita o carcereiro.

– Diga.

– O senhor Luís Inácio disse que tem um tal de Rogério querendo falar com você no telefone dele.

– E desde quando preso tem telefone?

– Desde que o Dr. Gilmar veio visitá-lo na semana passada…

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