Uma pequena manifestação em frente ao Palácio das Artes, em Belo Horizonte, marcou hoje o lançamento da Frente Nacional Contra a Censura (FNCC), movimento que surgiu depois que exposições e atividades artísticas sofreram críticas e boicotes relacionadas ao seu conteúdo. Artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso declaram seu apoio ao movimento e mostram preocupação com a escalada do conservadorismo e do fascismo no país. Afinal, dizem eles, a liberdade de expressão não pode e não deve ser restringida em nenhuma hipótese.
Sete cineastas decidiram retirar suas produções de um festival de cinema em Pernambuco, alegando que dois filmes da mostra estavam alinhados a uma direita conservadora e fascista. Desde então, esses mesmos filmes têm sido alvos de críticas e boicotes e, invariavelmente, suas exibições pelo país vêm acompanhadas de protestos e ameaças aos exibidores e espectadores. Curiosamente, aqueles que buscam impedir a exibição destes filmes são os mesmos que apoiam incondicionalmente a liberdade defendida pela Frente Nacional Contra a Censura lançada hoje.
Em contrapartida, um grupo se destaca na defesa da livre exibição dos filmes contestados. Através de ações de marketing, ajudam a divulgar tanto os filmes quanto as tentativas de censura a que estão sendo submetidos. Promovem debates e procuram, assim, mostrar o outro lado de uma mesma história. Afinal, dizem eles, a liberdade de expressão não pode e não deve ser restringida em nenhuma hipótese.
Entretanto, esse mesmo grupo que, curiosamente, se autodenomina liberal, acredita que museus e galerias só podem abrigar exposições validadas, aprovadas e chanceladas por ele. Qualquer tentativa de fuga dos padrões determinados pelo grupo não deve e não pode ser considerada uma manifestação artística. Muitas pessoas discordam desse entendimento e, em defesa da liberdade de expressão, criam movimentos como a Frente Nacional Contra a Censura, lançada hoje.
E, assim, mais um triste círculo se fecha no triste atual cotidiano brasileiro. Mais triste ainda é constatar que círculos como esse se repetem aos montes a cada dia. Na teoria, todos defendem a liberdade plena e irrestrita. Na prática, querem livres apenas as vozes que os acompanham. Tudo em nome de suas malfadadas ideologias. E, assim, seguem todos ignorando o conceito de liberdade.
Brasil, um país de hipócritas!