Meu equinócio de vida…

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O dia 20 de março marca o início do outono no hemisfério sul. O início da minha estação preferida, na qual o calor dos dias sempre ensolarados é mais ameno e o frescor das noites começa a clamar por uma taça de vinho tinto um pouco mais robusto e encorpado. É uma estação mais madura, mais sofisticada, mais elegante, mais rebuscada, sem deixar de ser alegre e vibrante. Se a primavera é conhecida pela volta das flores, o outono é a estação em que a natureza toda se pinta de dourado. Ao caírem, as folhas transformam os caminhos em passarelas verdes, nos convidando a caminhar pelas trilhas multicoloridas e a respirar um ar mais puro, frio e aprazível, ainda sem a aridez do inverno. É a estação do bom gosto.

Exatamente agora, às 10:29 horas da manhã de hoje, está ocorrendo o equinócio de outono. O equinócio é um fenômeno astronômico que marca o momento preciso no qual o sol cruza o equador celeste, que é a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste. Em outras palavras, o equinócio marca o exato instante em que o sol ilumina igualmente ambos os hemisférios da Terra. Neste dia e nesta hora, o sol deixa de favorecer um lado em detrimento do outro. Neste dia, seu calor é distribuído de forma igualitária, sem privilégios. Este é o momento em que o sol, literalmente, brilha para todos. Este é o dia no qual o sol é mais generoso, mais justo, mais benevolente e, exatamente por isso, tenho certeza de que este também é o dia favorito do próprio sol. É o dia em que ele se sente completo, em que ele se torna pleno.

Não por acaso, uma pessoa que nasce neste dia age sempre como age o sol no dia de hoje. Espalha sua luz de uma forma natural, espontânea e autêntica a todos que dela se aproximam. Não há como evitar. Todos são igualmente iluminados e capturados pela generosidade dos seus atos. Uma pessoa que nasce neste dia, invariavelmente, tem também a capacidade de trazer no seu olhar a mesma maturidade e confiança do outono. Não é um olhar qualquer. É um olhar que transborda justiça, dignidade, segurança, bondade e ousadia. É um olhar que consegue materializar o sopro de uma brisa leve e transformadora. Uma brisa de outono. É um olhar sofisticado, elegante, misteriosamente sedutor. Ao mesmo tempo, é um olhar alegre, cativante, convidativo ao sorriso e ao deleite. É um olhar que, assim como o outono, convida à vida. Que, assim como o sol, aquece, ilumina, guia, orienta e faz a vida florescer. É um olhar que faz o mundo sorrir.

Sorte de quem convive com alguém assim. Sorte minha por ter, todos os dias da minha vida, o meu próprio outono, o meu próprio equinócio, o meu próprio sol!

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