Rio 2016 – experiências e observações…

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Depois de cinco dias ininterruptos correndo de uma arena a outra, descrevo a seguir as minhas observações feitas a partir das experiências vividas nos primeiros dias dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Reitero que as impressões são minhas e não foram influenciadas pelo que tem sido divulgado pela imprensa ou pelas percepções dos demais torcedores. Afinal, as expectativas, as experiências anteriores, e os aspectos culturais variam muito de pessoa para pessoa. Começo pelo que entendo não ter funcionado (pelo menos, até agora) e finalizo comentando o que aconteceu de melhor.

Bares e lanchonetes – foi, disparado, o ponto negativo mais evidente. Um verdadeiro caos. Tudo errado. Funcionários insuficientes e mal treinados, sistema operacional de pagamento muito lento, quantidade de comida incompatível com a demanda. Filas imensas se formaram todos os dias (especialmente no sábado e domingo). Filas que quase não andavam e provocavam a ira de inúmeros torcedores que perdiam grande parte dos jogos tentando comprar um simples cachorro-quente. Muitos torcedores (eu inclusive), simplesmente desistiam de continuar tentando, especialmente os estrangeiros que não conseguiam se fazer entender.

Entrada no Parque Olímpico e nas arenas – no primeiro dia, muitas filas se formaram. Mas o sistema foi ficando mais eficiente com o passar dos dias e esse deixou de ser um grande problema. Entretanto, a entrada ainda pode ser feita de forma bem mais ágil.

Arenas – entre as arenas que eu conheci, não vi nenhuma maravilha arquitetônica mas também não vi nenhum desastre. São, no mínimo, agradáveis esteticamente vistas de fora. Internamente, atendem bem aos diversos objetivos e são visualmente bonitas, muito bem iluminadas e com um sistema de som excelente. Os acessos são adequadamente sinalizados e os banheiros, em bom número, são relativamente limpos. Poderia ser melhor? Sim, mas não é nada que comprometa. Já as lanchonetes dentro das arenas padecem dos mesmos problemas dos pontos de venda externos.

Torcida brasileira – este é um ponto bastante polêmico e varia muito da percepção de cada um. Bom, não somos um povo frio e, na minha opinião, não podemos esperar e exigir um comportamento europeu ou asiático. Não somos assim e ponto. Mas que deveríamos ser bem mais educados em relação aos nossos adversários, não resta dúvida. Bastaria que incentivássemos os nossos atletas. Vaias e ofensas aos jogadores e à torcida adversária são extremamente desagradáveis e desnecessárias. Faço essas observações especificamente com base no comportamento que presenciei (sempre de uma minoria, diga-se de passagem) nas partidas de tênis, basquete e handebol. Por outro lado, nas provas de natação e judô que acompanhei, vi uma torcida vibrante e barulhenta, mas que aplaudiu e, no caso da natação, até ovacionou muitos dos nossos adversários. Já o comportamento da torcida nas provas de ginástica artística masculina em que estive presente foi impecável. Não houve sequer uma vaia aos adversários, mesmo os que disputavam posição com o Brasil. Nem ouvi comemoração alguma quando erros de estrangeiros aconteciam. Por tudo isso, pra mim, o comportamento de um modo geral tem sido bastante razoável. Mas só iremos melhorar pra valer neste quesito à medida em que tivermos um contato maior com todos os esportes.

Segurança – apesar do medo quase generalizado do mundo todo, nunca tive receio de que a segurança dos jogos pudesse vir a ser um grande problema. Sei que já houve ocorrências pontuais mas a percepção de quem acompanha os jogos é de que o exército inteiro está no Rio. São muitas viaturas circulando constantemente nas vias de acesso e há um número ostensivo de policiais em todos os locais de competição. Caminhei de madrugada frequentemente sem nenhuma sensação de insegurança.

Transporte – outro item que funcionou melhor do que eu esperava. Embora não tenha utilizado o sistema de transporte todos os dias, as linhas de metrô conectadas ao BRT proporcionaram viagens tranquilas ao Maracanã. Existem problemas sérios de identificação visual nas estações e muita gente fica dependendo de orientações verbais que nem sempre estão disponíveis. Além disso, poucos atendentes falam inglês. No centro revitalizado, as novas linhas de VLT funcionam muito bem e os modernos carros propiciam uma viagem muito tranquila e confortável. Aliás, a revitalização de toda a área do centro histórico do Rio é, no meu ponto de vista, um dos maiores e mais importantes legados dessas Olimpíadas.

Maiores destaques – são quatro, na minha opinião, sendo três referentes especificamente a esta edição dos jogos: o parque olímpico na Barra, a atmosfera de confraternização que se vivencia na cidade a cada instante, e a fantástica, emocionante e inesquecível cerimônia de abertura. O quarto ponto alto (altíssimo, na verdade), inerente a todas as edições olímpicas, é a oportunidade única de poder ver de perto ídolos e monstros sagrados dos mais diferentes esportes.

Pois bem, tudo somado e subtraído, não restam dúvidas, para quem esteve por lá, que esta edição dos Jogos tem apresentado, pelo menos até agora, muito mais pontos positivos do que negativos. E aqui cabe uma pequena observação: este não é um texto de cunho político. Tenho plena consciência e sou da opinião que o país não deveria ter entrado na aventura de organizar um evento desta magnitude, principalmente levando-se em conta os gastos generalizados, a corrupção, as falcatruas e todas as irregularidades que marcaram, mais uma vez, as atitudes dos nossos políticos de todas as esferas. Mas os jogos estão aí e são uma oportunidade única na vida dos brasileiros, principalmente daqueles que são apaixonados pelo esporte. Portanto, se alguém ainda estiver se perguntando se vale a pena conferir de perto, nem que seja apenas uma única partida, na minha modesta opinião, pode fazer as malas!

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