Comemoração consciente…

Comemorei sim! Comemorei muito! Comemorei porque tenho plena consciência de que o Brasil é um país absolutamente ingovernável com a Dilma na presidência. Tenho plena consciência de que, poucas vezes na história, um chefe de Estado conseguiu fazer com que sua nação regredisse tanto, em tão pouco tempo. Poucas vezes um governante deu tantos motivos para um processo de impedimento, seja através de suas ações diretas ou seja através de sua imensa incompetência em lidar com as forças políticas, com a sua própria base parlamentar, tão ampla e sólida no início de seu mandato. Tenho plena consciência de que uma enorme rede de corrupção será desmontada com a, agora, mais do que provável destituição da presidente.

Comemorei muito! Mesmo assim, tenho também plena consciência de que assistimos ontem a um show de horrores, protagonizado por apoiadores da ditadura, por fãs de criminosos (de direita e de esquerda), por demagogos que acham que os problemas podem ser resolvidos com cusparadas na cara de seus antagonistas, por corruptos da pior espécie, por pessoas altamente despreparadas em busca de um protagonismo que jamais lhes caberá. Tenho plena consciência de que o Temer é um conspirador cuja noção de ética se aproxima apenas do seu conceito distorcido de honestidade. Tenho plena consciência de que muitos conchavos foram feitos para que a aprovação acontecesse e de que devemos ficar atentos para que todas as investigações continuem, para que o processo de cassação do Cunha avance, para que o julgamento da chapa Dilma/Temer ocorra de forma rápida e isenta no TSE, para que todos os envolvidos na Lava Jato, de todos os partidos, sejam condenados. Tenho, enfim, plena consciência de que não foi a vitória do bem contra o mal, da honestidade contra a corrupção, da decência contra a imoralidade. Mesmo assim, comemorei e não me arrependo. Não seria hipócrita agora de me colocar como “moderado” ao ver uma corja ser expulsa da administração pública do meu país. De hipócritas, já bastam quase todos os componentes do nosso congresso. Comemorei pelos que estão de partida e não pelos que ficaram. Quero vê-los longe de lá também. E prometo que, quando isso acontecer, vou comemorar muito novamente!

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