Quando um nove é muito mais que um dez…

Não poderia imaginar uma maneira melhor de se começar a semana do Natal! Uma apresentação inesquecível da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, acompanhada de uma performance magistral do Coral Lírico da Fundação Clóvis Salgado e de quatro solistas com vozes estupendas.

Para a música que elevou os espíritos de todos os presentes na Sala Minas Gerais, não cabem adjetivos. Nenhum ser humano normal, com o ouvido mais apurado do mundo, seria capaz de compor uma peça tão bela. Mas quem a compôs jamais precisou de ouvidos. Ele compunha apenas com a sua alma. Os três primeiros movimentos já seriam suficientes para se comprovar essa tese. Mas o quarto transcende, emociona, arrebata, inebria. A música não apenas emoldura o lindo poema de Friedrich Schiller. Ela o transforma em uma experiência etérea. Mais do que uma ode à alegria, o que nos envolve é um hino ao amor, à esperança, e à amizade!

Por isso, acompanhando essa aura de paz e de plenitude, me comprometo a fazer como o poema de Schiller e falar apenas de coisas boas até o Natal. Repetirei mentalmente as frases que aconselham: “amigos, mudemos de tom. Entoemos algo mais prazeroso e mais alegre.” Agradecerei pelos amigos e pelo amor, pois “quem já conseguiu o maior tesouro de ser o amigo de um amigo, quem já conquistou uma mulher amável, rejubile-se conosco. Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma, uma única em todo o mundo.” Nesta semana, vou procurar elevar meu pensamento, e pedir que “abracem-se milhões e enviem este beijo para todo o mundo. Irmãos, além do céu estrelado mora um Pai amado. Mundo, você percebe seu Criador? Procure-o mais acima do céu estrelado. Sobre as estrelas onde ele mora.”

Ao findar o último acorde da nona e derradeira sinfonia do compositor que ouvia através da alma, atônitos, percebemos que, ao longo daquela última hora, foi o céu estrelado que desceu à Terra. Não há aplausos que possam exprimir a emoção e o agradecimento pelo privilégio de vivenciar um momento tão eterno. Não há aplausos nem lágrimas suficientes que possam dizer ao compositor que o mundo ficou mais completo depois que, por aqui, ele passou. Talvez Beethoven jamais tenha tido a consciência disso. Mas a alma dele sempre soube…

Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário