Páreo duro…

E chegamos à grande final do concurso “Vergonha Alheia Brasil 2019”. A partir de hoje você vai nos ajudar a eleger a declaração mais infeliz do ano até agora. A disputa está mais acirrada do que nunca. Poucas vezes conseguimos reunir tanta gente competente e criativa capaz de se destacar nos quesitos “isso é sério?”, “não é possível que ele disse isso”, “claro que é piada”, “meu Deus do céu” e o cobiçado “puta que pariu!”.

Ao longo das últimas semanas, nossos jurados trabalharam incessantemente na seleção dos finalistas, tamanha a profusão de asneiras repetidas diariamente por celebridades, jornalistas e pelos nossos representantes de todas as esferas. Exatamente em função dessa enorme quantidade de mer…, quero dizer, de material a ser analisado, excepcionalmente nesta edição foram escolhidos dez competidores que serão submetidos agora a voto popular.

E aqui estão os escolhidos:

1) Olavo de Carvalho – a declaração que garantiu a presença do filósofo na final foi proferida ontem: “Vou investigar, mas me parece verdadeiro pelo contexto: os Beatles eram semi-analfabetos em música. Não sabiam nem tocar violão. Quem compôs as canções foi o Theodor Adorno (fundador da Escola de Frankfurt)”. E acrescentou: “Você tem ideia da porcaria que os Beatles fizeram com o mundo? Os Beatles e outros conjuntos. Todos eles têm ao menos uma canção de celebração do satanás. É satanismo explícito”. Pelo visto o gurú da família Bolsonaro vem com fome de vitória. Entretanto, fosse esta uma competição de palavrões e o troféu já seria dele.

2) Anitta – a funkeira mais famosa do país entra na disputa com a divulgação de um vídeo em que afirma, entre outras preciosidades, que a “agropecuária é um câncer da natureza”. A opinião de Anitta repercutiu tanto que ela até já anunciou que, em breve, irá lançar seu primeiro livro de receitas somente com variações de água de chuva e sopa de pedras.

3) Gleisi Hoffmann – a nossa eterna Narizinho, vencedora do ano passado com sua declaração “Lula livre”, emplacou mais uma pérola histórica ao afirmar que “volta PT é o desejo dos brasileiros para colocar o país no rumo e melhorar a vida da nossa gente”. O tempo passa e ela continua sendo uma candidata fortíssima.

4) Abraham Weintraub – o atual ministro da educação chega forte à disputa com o tuíte: “Os franceses elegeram esse Macrón, porém, nós já elegemos Le Ladrón, que hoje está enjauladón…Ferro no cretino do Macrón, não nos franceses”. O país ficou paraliZado diante de um comentário tão elegante e espirituoso.

5) Dilma Rousseff – a hexacampeã do torneio não poderia ficar de fora. Este ano ela entra no páreo com sua tentativa de criticar a provável privatização dos correios e afirmar que “o governo quer transformá-los em uma grande Amazon”. Quem dera, não é, querida?

6) Marcelo Crivella – foi difícil escolher apenas uma declaração do prefeito do Rio de Janeiro diante de tão vasto repertório. A frustrada tentativa de censura na Bienal, entretanto, conseguiu superar todas as demais. A frase símbolo do ocorrido foi dita pelo chefe da fiscalização da prefeitura encarregada de procurar e recolher qualquer “material impróprio”. Perguntado sobre o que tinha encontrado na Bienal, ele respondeu: “muitos livros”.

7) Glenn Greenwald – o jornalista preferido de onze entre cada dez condenados pela Lava Jato concorre com a seguinte afirmação: “O julgamento de Lula foi produto de um processo cheio de impropriedades e não podemos admitir que ele permaneça em pé. Pelo menos, que Lula tenha um novo julgamento e saia da prisão enquanto esse julgamento transcorre”. Parece que aqui ele terá mais chances de vitória do que no próximo Prêmio Pulitzer.

8) Carlos Bolsonaro – o vereador carioca protagonizou inúmeros momentos de constrangimento ao longo do ano. Sua participação na final foi conquistada graças à sua peculiar forma de escrita que só ele mesmo consegue entender e ao tuíte feito há pouco: “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes”. O Tonho da Lua reencarnado é um verdadeiro democrata.

9) Eduardo Bolsonaro – o candidato a embaixador concorre com a já histórica frase proferida quando tentava justificar sua indicação: “Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos EUA, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá”. Se não conseguir a vaga na embaixada americana, zero três promete não perder o posto de funcionário do mês.

10) Jair Bolsonaro – após proferir, em menos de nove meses de governo, centenas de ofensas gratuitas, afirmações constrangedoras, dados incorretos e teorias da conspiração, por pouco nosso presidente não entra na categoria “hors concours”. Entretanto, por decisão unânime de nossos jurados, Jair Bolsonaro chega à final pelo conjunto da obra. Assim cada um fica livre para escolher a frase que mais o tenha feito ansiar por uma afonia crônica, um tratamento de canal ou uma cirurgia de hérnia acompanhados de restrições de fala extremamente duradouras.

Bom voto!

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