Noruega, primeiras impressões…

Bastou olhar pela janela do avião para perceber que o destino, dessa vez, não poderia ser chamado de trivial. Após avistar as costas da Holanda e da Dinamarca, e cruzar o azul profundo do Mar do Norte, a visão que se tem ao sobrevoar a Noruega é única. A sucessão de deltas junto ao mar dão uma pequena amostra da profusão de rios e fiordes que desaguam no oceano. O azul profundo avança terra adentro, misturando-se ao verde escuro das matas nativas e ao verde claro dos impecáveis campos de colheitas diversas.

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O avião pousa no aeroporto de Oslo e a paisagem quase não se modifica. Onde estariam os distritos industriais, as fábricas, os galpões, os bairros simples que existem em toda grande cidade do mundo, principalmente junto aos aeroportos? Estaríamos mesmo chegando a uma das capitais da Europa?

O aeroporto é contemporâneo sem ser ostensivo. As formas fluidas predominam e emprestam um aspecto elegante ao conjunto inserido em uma paisagem, diria eu, modernamente rural. As imensas esteiras de bagagem funcionam bem e, em poucos minutos, me encontro no saguão principal do aeroporto à procura de uma companhia de táxi que pudesse nos levar ao centro. Informo o destino e o atendente me diz que a corrida vai custar inacreditáveis oitocentas coroas, ou quase quinhentos reais. Mais inacreditável, entretanto, é a forma como ele me diz isso. Diferentemente do que costumamos ouvir sempre que um serviço nos é oferecido, ele me informa o valor acompanhado de, praticamente, um pedido de desculpas. Mais do que isso, me diz que, se eu optar por fazer o trajeto via trem, o traslado sai muito mais em conta. Fiquei me perguntando se ele havia se desentendido com o chefe naquela manhã, mas me pareceu ser o procedimento normal de alguém querendo que o seu possível cliente tenha em mãos todas as informações para que possa tomar a melhor decisão. Agradeci e me dirigi ao local indicado por ele.

No aeroporto, haviam duas opções de trens, um da linha regular do metrô, com muito mais paradas, e o Airport Express Train, com apenas duas paradas até a estação central. Optei por esse último, uma vez que eu e minha esposa não dispúnhamos de muito tempo para visitar a cidade. O valor pago caiu para cento e oitenta coroas por pessoa, obviamente ainda muito caro para quem recebe em reais nos dias de hoje. O trem chegou na plataforma rigorosamente no horário marcado. Dentro dele, um acabamento primoroso, revistas à disposição dos passageiros, locais bem definidos para a colocação das bagagens, telas de led com informações e entretenimento em norueguês e inglês, tomadas em cada assento para que os aparelhos eletrônicos pudessem ser carregados, enfim, um espetáculo. Ao iniciarmos a viagem, cheguei a imaginar que o trem se movia através de um campo magnético, flutuando sobre os trilhos, tamanhos eram o silêncio e a ausência de vibração ao longo do percurso.

Com apenas duas paradas, rapidamente estávamos já no centro de Oslo e, consequentemente, junto ao nosso hotel. A atendente foi mais do que simpática e, solícita, nos forneceu todas as informações de que precisávamos. Ao fazermos o check-in, nos deu as chaves e, em nenhum momento, nos pediu os passaportes, o voucher, o cartão de crédito ou o preenchimento de qualquer tipo de ficha. Já havíamos previamente pago pela hospedagem, mas todos esses procedimentos são absolutamente rotineiros em qualquer hotel do mundo. Aqui, a impressão que fica, é que as pessoas confiam umas nas outras. E essa impressão foi reforçada na entrada do metrô sem catracas, e na disponibilidade espontânea de todos para nos ajudar com informações e dicas.

Todas, absolutamente todas as pessoas com as quais nos relacionamos hoje falavam inglês. Não apenas os atendentes cuja função já pressupõe esse tipo de conhecimento, mas também todas aquelas que encontramos nas ruas, no metrô, no ônibus. Por falar nisso, em poucas horas, pudemos comprovar a eficiência de um sistema público de transporte integrado e facílimo de ser utilizado com uma única consulta ao folder explicativo disponível em todas as estações.

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Na cidade, parques e praças arborizadas dão um charme de cidade do interior à capital da Noruega. No Parque Vigeland, o verde e o dourado das folhas se misturam às inúmeras e expressivas esculturas que trazem sofisticação e cultura a um ambiente público, aberto e disponível a todos, vinte e quatro horas por dia, com absoluta segurança. A Casa de Ópera, todo o complexo arquitetônico da Karl Johans Gate, e o maravilhoso pôr do sol sobre o mar apenas completaram as magníficas primeiras impressões de um país que entrega muito mais do que promete, e que, por isso mesmo, nos faz ansiar ainda mais pelos dias que teremos pela frente.

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