Uma escolha para a Páscoa…

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E chega uma nova Páscoa. Uma Páscoa em que os coelhinhos abrem mão de seu protagonismo e os ovos de chocolate nos parecem bem menos doces. Uma Páscoa desprovida de grandes planos, mas rica em revelação e autenticidade. Uma Páscoa que abraça seu simbolismo como nenhuma outra. Uma Páscoa de renascimento compulsório a todo ser humano deste nosso planeta.

Qual é o você que renasce nesta Páscoa?

Tomara que seja o você que abre a janela e percebe que, também à cidade, é permitido não ter pressa.
O você que, embora repleto de aflições, enxerga que o essencial continua ao seu lado.
O você que se oferece para ajudar, ainda que essa ajuda se limite a ouvir o que o outro tem a lhe dizer.
O você que usa a tecnologia como forma de aproximação e não de distanciamento.
O você que se acostuma novamente a andar descalço em casa, deixando lá fora seus sapatos, suas angústias, suas dúvidas…

Qual você renasce agora?

Que seja o você que, ao olhar para o seu filho, percebe que seu sorriso vem da alma.
O você que não quer mais que os abraços tenham fim.
O você que assiste a um filme de mãos dadas, e o tempo passa voando.
O você que se vê muito menos importante para o seu cliente e absolutamente insubstituível para a sua família.
O você que se descobre capaz de cantar, de escrever, de cozinhar, de se reinventar…

Qual você renasce agora?

Que seja o você que, ao ler uma poesia, sempre encontra tempo para interpretá-la.
O você que se arrepia ante a profusão de sentimentos que uma sinfonia de Mahler lhe desperta, mesmo que nunca tenha sido fã de música clássica.
O você que começa a identificar os sons de cada corda de um violão.
O você que transforma sua sacada em palco, ou a usa como plateia.
O você que passa a entender a arte como algo tão palpável, que quase é capaz de tocá-la…

Qual você renasce agora?

Que seja o você que dá valor ao que as pessoas são, não ao que elas têm.
O você que sempre agradece, mesmo que as dificuldades aflijam o seu coração.
O você que perdoa sem esforço.
O você que não concebe a vida sem seus amigos, e faz de tudo para que cada um deles jamais se esqueça disso.
O você que se anima com as conversas em torno das mesas…

Qual você renasce agora?

Que seja o você que vive o aqui e o agora pois, em essência, passado e futuro não lhe pertencem.
O você que se emociona com o carinho e o afago dos amigos, mesmo à distância.
O você que caminha pelo campo e se atenta ao perfume das flores e ao canto dos pássaros.
O você que ama, simplesmente porque amar é uma opção.
O você que, crente ou ateu, sente-se parte integrante de uma grande comunhão de energia, de luz, de fé ou, se assim quiser chamar, de Vida.

Faça sua escolha nesta Páscoa… e renasça!

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Filosofando na quarentena…

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Se tivesse que escolher uma disciplina para uma pesquisa neste momento histórico que estamos vivendo, certamente optaria por alguma vertente da filosofia. A pandemia tem provocado tantos conflitos éticos, tantos embates de posturas que, em breve, centenas de teses de mestrado e doutorado ainda hão de ser desenvolvidas tendo como pano de fundo o ano de 2020.

Poucas vezes as inúmeras faces do comportamento humano estiveram tão expostas. Poucas vezes os filtros sociais de cada um foram tão pouco utilizados. E essa exposição tem aumentado à medida em que as inseguranças e incertezas se multiplicam. Aumentam também à medida em que o comportamento coletivo deixa suas máscaras de lado. É um círculo vicioso no qual até os mais comedidos abandonam a ponderação, indignados ante à disseminada falta de bom senso. Assim, aqueles já desprovidos de limites comportamentais mais rígidos se sentem ainda mais à vontade para escancarar a todos os seus conceitos, doa a quem doer.

Dizem que os tempos de guerra desnudam o pior do ser humano por alterar completamente o que chamamos de normalidade. E, para a grande maioria de nós, esta é a primeira vez que nos deparamos com um cenário tão perturbador da nossa rotina. O resultado de tudo isso é muito diverso, mas é nítido o aumento da contundência das opiniões, a desenvoltura com a qual os rancores até então oprimidos se manifestam, e a facilidade com que as verdades individuais são expostas, mesmo aquelas confrontadas por evidências factuais incontestáveis.

E não me refiro aqui apenas às dicotomias com as quais já estávamos acostumados. Se engana quem pensa que as atuais discussões diárias se limitam a vidas x economia, isolamento x liberdade, metodologia científica x urgências médicas, e outras tantas bem menos dignas de menção. Dentro de cada polêmica há uma profusão de nuances capaz de acirrar discórdias mesmo entre aqueles cujas linhas de conduta são majoritariamente convergentes. É com foco nessas pequenas nuances que continuo a presente reflexão. Afinal, basta de falar sobre gente sem noção.

Como eu disse, há enormes possibilidades para estudos mais aprofundados mas não há dúvidas de que boa parte das questões levantadas atualmente está atrelada às éticas utilitarista e universalista inerentes a cada um. Explanando de forma bem superficial, a primeira se caracteriza pela busca do bem-estar coletivo e a segunda pela obediência a uma moral universal que não admite contradições. O filósofo Immanuel Kant usou a mentira para exemplificar o conceito em sua obra: sendo a mentira moralmente inaceitável, para um universalista a verdade deve ser dita independentemente de suas consequências. Um utilitarista, entretanto, mesmo considerando o assassinato um grave erro moral, não hesitaria em atirar em um terrorista prestes a detonar uma bomba, pois o bem-estar da maioria se sobrepõe aos seus valores morais.

O ser humano é muito complexo e creio que poucos se identifiquem exclusivamente com um dos modelos. Ao contrário, entendo sermos tanto utilitaristas quanto universalistas, dependendo das circunstâncias. E é certo que as circunstâncias variam bastante de pessoa para pessoa. Está exatamente nesse equilíbrio – ou na ausência dele – a fonte de boa parte das discussões atuais e das que virão muito em breve.

Por isso, antes de se irritar com a opinião daquele seu amigo que, até aqui, sempre pensou de forma similar à sua, lembre-se de que não há necessariamente certo e errado nesta guerra que enfrentamos. E ainda haverá muitas oscilações enquanto a situação se prolongar. É inevitável. Também é inevitável que, cedo ou tarde, o universalismo vigente hoje deixe de ser predominante. Que todos nós estejamos preparados para as mudanças que virão e para as decisões que deveremos tomar. Mais importante ainda seria que as autoridades competentes do país, dos estados e dos municípios estivessem atentas e amparassem suas ações em critérios técnicos, não em interesses mesquinhos, achismos e atitudes populistas. Se é pra filosofar, um pouco de utopia agora até que cai muito bem!

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A caneta…

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– O senhor tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

– Tenho certeza sim. Ele tá se achando muito estrela. Tenho que acabar com isso daí.

– Senhor, estamos no meio de uma guerra. O senhor acha prudente trocar o comando justamente agora?

– Toda hora é hora pra fazer o que é certo, talkei?

– Mas o homem tá fazendo um ótimo trabalho, super reconhecido.

– Pois é, mais reconhecido do que eu. Isso eu não admito de jeito nenhum.

– Mas o que o senhor vai alegar pra mandar ele embora? Se disser que o motivo é esse sua reputação vai por água abaixo.

– Já tenho gente cuidando disso daí. Já estão espalhando que o cara roubou, que só quer me ferrar, que é pau-mandado daqueles esquerdistas.

– Assim, de uma hora pra outra? E o senhor acha que o povo vai acreditar nessa história?

– É claro. Olha só quanta gente tá lá fora esperando pra me aplaudir.

– Senhor, não tô falando do seu g… da sua militância. Esses vão acreditar em qualquer m… qualquer coisa que o senhor disser. Tô falando do povo mesmo. Sua popularidade tá cada vez mais baixa.

– Bobagem. Tá alta e vai ficar mais alta ainda depois que eu colocar esse sujeito pra fora a pontapés. Eles vão saber que quem manda aqui sou eu.

– Eu não sei se isso é uma boa ideia…

– É excelente. Liguei pra muita gente e todo mundo tá me apoiando.

– Quem?

– Meu tio que mora na Virgínia, meus filhos, o cara que saiu da cultura (ah, que saudade dele), o presidente da associação de terraplanistas, só pessoal de alto nível. Teve gente que até largou o parquinho pra vir me cumpLimentar, quer dizer, me dar apoio.

– Senhor, acaba de sair uma pesquisa atestando que mais de 70% da população concorda com as medidas adotadas até agora.

– E você acredita em pesquisa? Principalmente anunciada por aquele conhecido apresentador daquela conhecida televisão?

– Bom, o senhor é quem sabe.

– Sei sim. Eu disse que a hora dele tava chegando. Minha caneta tá pronta pra agir e eu não tenho medo de ninguém.

– Excelente, porque tem uns generais aí fora querendo dar uma palavrinha com o senhor.

– Generais? No plural?

– Sim, senhor.

– Tava agendado?

– Não, senhor.

– Bem, então vou lá agora para atendê-los. Pode ir pra casa. Vejo você amanhã.

– Senhor! Senhor! A caneta. O senhor esqueceu a caneta…

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Carta aos petistas…

Caro petista convicto,

Você que, assim como eu, está horrorizado com a seita que se formou em torno de Jair Bolsonaro.

Você que critica todos os contorcionismos feitos para justificar seus atos, seus comportamentos e até seus frequentes recuos e mudanças de tom.

Você que escuta abismado seus adoradores repetindo frases do tipo: “ele de bobo não tem nada”, “está muito à frente dos outros”, “ele é o único capaz de conduzir o país”, “que discurso genial”, “o capitão tem razão”.

Você que se pergunta como alguém que dá provas diárias de despreparo, de incompetência, de irresponsabilidade, de ignorância e de falta de compostura pode continuar sendo aplaudido e admirado.

Você que se assusta com a rapidez com que seus seguidores tomam partido e aderem sem questionamento a qualquer insatisfação do presidente, como estão fazendo agora com a campanha “Fora Mandetta”, amplamente disseminada nas redes bolsonaristas.

Você que não entende como tantas pessoas educadas, cultas e bem intencionadas podem seguir cegamente uma pessoa tão baixa.

Você que se pergunta que tipo de lavagem cerebral coletiva tornou tanta gente incapaz de admitir sequer a hipótese de que seu deus erra, e erra muito.

Pois é, caro petista, é sobre isso que eu venho tentando falar com você nesses últimos quinze anos…

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Questões de bom senso…

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Exercícios de múltipla escolha em tempos de Covid-19:

1 – Leia as sentenças abaixo e marque a alternativa que mais se aproxima do seu ponto de vista;
2 – Identifique também a opção “lambe-botas de político”. Dúvidas aqui podem significar que foi justamente essa a alternativa assinalada no exercício anterior.

– Bolsonaro acusa governadores e prefeitos de promoverem o isolamento única e exclusivamente com o objetivo de prejudicar o governo federal. Na semana passada, o presidente americano passou a adotar medidas semelhantes e ainda mais restritivas. Essa mudança de atitude mostra que Donald Trump:

a) Percebeu que não poderia ser a única voz dissonante entre os grandes líderes do planeta;
b) Foi convencido pelos cientistas americanos que manter sua postura inicial poderia lhe custar vidas e chances de reeleição;
c) Foi cooptado pelo comunismo chinês e vai se arrepender disso pelo resto da vida.

– O comportamento contrário ao solicitado pelo Ministério da Saúde e as críticas públicas ao Ministro mostram que Bolsonaro pensa em:

a) Demitir Mandetta mas tem medo da repercussão negativa que essa atitude poderia gerar;
b) Se colocar como contraponto e alegar estar certo de qualquer forma, seja pela sua opinião pessoal, seja pela escolha de seu Ministro;
c) Mostrar que quem manda é ele e que nenhum pau-mandado do Maia e do DEM vai colocar as manguinhas de fora no governo.

– Bolsonaro e seus apoiadores acusam a imprensa de conspirar contra o governo. A mesmíssima acusação foi feita ao longo das últimas duas décadas pelos petistas. Essa coincidência de atitude mostra que:

a) A imprensa sempre dá muito mais destaque aos erros do que aos acertos de qualquer governo;
b) Todo veículo de imprensa tem viés ideológico mas cabe aos cidadãos analisarem os fatos e concordarem ou não com o enfoque que lhes é apresentado;
c) A imprensa brasileira é esquerdista/golpista e ponto final.

– Apoiadores do governo inundam as redes sociais com pronunciamentos em que Lula chama de gripezinha a epidemia de H1N1 em 2009. Tal atitude mostra que:

a) Lula estava coberto de razão assim como Bolsonaro está agora;
b) Um é tão tapado quanto o outro;
c) Só um deles agiu corretamente.

– A China comprovadamente omitiu informações iniciais da pandemia e tentou escondê-la do mundo. Seus números atuais também não parecem ser verídicos. Tais atitudes mostram que:

a) A ausência de transparência característica dos regimes totalitários é altamente prejudicial a qualquer sociedade;
b) Após o término desta pandemia, o mundo deverá se unir para cobrar medidas reparadoras do governo chinês;
c) O vírus obviamente foi fabricado pelos chineses com o objetivo de controlar o mundo através do comunismo.

– O uso da Cloroquina ainda não está inteiramente liberado a toda a população. Essa suposta demora é decorrente de:

a) Ausência de estudos científicos com análise consistente de resultados;
b) Receio de que uma liberação prematura possa provocar reações colaterais que ainda mereçam ser melhor avaliadas;
c) Manipulação da OMS comunista ciente de que Trump e Bolsonaro seriam os maiores beneficiários do inequívoco sucesso do medicamento.

– O Ministério da Saúde acaba de informar que a curva de contaminação do Coronavirus no Brasil mostra-se abaixo da registrada em países como Itália, Espanha e Estados Unidos. Essa informação mostra que:

a) O isolamento dá sinais efetivos de estar contribuindo para a menor disseminação da doença;
b) Há motivos para acreditarmos que, em breve, o isolamento poderá ser paulatinamente abrandado, sempre com cautela e responsabilidade;
c) Bolsonaro tem razão como sempre. Segunda-feira é vida normal no país!

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Vamos desenhar…

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Tentativa de desenho (a última, eu prometo):

– Não entendo tanta histeria. Existem muitas outras doenças matando muito mais do que o Covid-19.

Sim, é verdade. Mas o problema, pelo menos agora, não é esse. O problema está na velocidade do contágio. O Coronavirus se espalha com imensa facilidade. A taxa de contaminação é muito alta e nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para atender simultaneamente a milhares de doentes que precisem de atendimento e internação. O mundo precisa ganhar tempo e a única forma de se ganhar tempo é restringindo o convívio social. O grau dessa restrição pode ser debatido, analisado e até variar de país para país, mas tem que ser significativo.

– Mas essa paralisação será um desastre para a economia do Brasil.

O desastre econômico vai ocorrer de qualquer forma. Essa é a pior crise mundial desde a Segunda Guerra. As experiências de quem postergou fazer algum tipo de isolamento mais robusto estão à mostra. Aqueles que se recusaram a tomar medidas preventivas tiveram que adotar o lockdown absoluto, parar literalmente tudo, e ainda conviver com filas de doentes inviabilizando todo o sistema de saúde e com as pilhas de corpos se avolumando dia após dia.

– Estão inflando o número de casos e mortos com o intuito de se levar pânico à população.

Ao contrário. O número oficial de infectados é de oito a dez vezes menor do que o número real. A maior parte das pessoas infectadas tem sintomas leves ou é assintomática. E a imensa maioria destas não foi testada. Quanto ao número de mortos, mesmo que muitos deles tenham falecido em decorrência do agravamento de comorbidades preexistentes, a presença da doença deve ser levada em consideração. Além do mais, como eu disse, o número de mortos é o dado estatístico menos relevante neste momento. Claro que todo esse esforço está sendo feito para que se evitem mortes. Mas as mortes só serão evitadas se o sistema de saúde tiver condições adequadas de funcionamento.

– É fácil fazer quarentena com a geladeira cheia e com gente para levar comida na sua porta.

Não, não é fácil. As pessoas não estão de férias dentro de suas casas. Muitas estão trabalhando online e outras buscando alternativas para sobreviver. Mas o Brasil não está vivendo um lockdown absoluto. Existem restrições de circulação e proibição do funcionamento de diversas atividades, basicamente ligadas a serviços, educação, lazer e comércio. E há uma solicitação para que as pessoas fiquem em casa o máximo que puderem. Ficar em casa é uma questão de consciência coletiva, não uma opção de gente disposta a explorar os outros. Muitas pessoas de diversas áreas continuam trabalhando e o trabalho desenvolvido por elas é extremamente importante. Quanto mais reduzirmos o nosso convívio agora, menor será a chance de nos trancarmos compulsoriamente dentro de nossas casas em um futuro bem próximo, aí sim, sem ninguém que possa executar diversas atividades hoje ainda permitidas.

– Mas ontem a OMS disse que o isolamento não precisa ser feito em países pobres.

Não é verdade. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, apenas demonstrou preocupação com os cidadãos mais carentes que precisam trabalhar para comer. Mas as recomendações permanecem rigorosamente as mesmas. Nada mudou.

– Ah, o diretor-geral pode, né? Quando o Bolsonaro diz a mesma coisa é taxado de imbecil.

Mais uma vez, demonstrar preocupação com a manutenção dos empregos e das condições básicas da população é legítimo e até louvável. Não é por isso que ele está sendo criticado. Bolsonaro está sendo chamado de imbecil porque está propondo acabar imediatamente com o isolamento. Por querer que apenas idosos e doentes se mantenham isolados. Por querer que todas as escolas sejam reabertas, que shoppings, estádios e demais locais de aglomeração funcionem normalmente. E por propor tudo isso sem nenhum embasamento científico, amparado apenas pelo achismo. Não existem estudos, modelos estatísticos, pesquisas, nada que corrobore tal pensamento. Mas o pior de tudo é que seus achismos vão de encontro a tudo que o Ministério da Saúde preconiza. Portanto, não há alinhamento algum entre o presidente e seu próprio governo. Ele também está sendo taxado de imbecil por chamar de “resfriadinho” uma pandemia que parou o planeta, que adiou as Olimpíadas, que colocou no chão quase que a totalidade dos aviões existentes no mundo. Ele está sendo chamado de imbecil por provocar diariamente aglomerações gratuitas, como um menino birrento que quer provocar os pais que o impediram de sair pra brincar. Ele está sendo chamado de imbecil por adotar uma postura que não seria razoável para qualquer cidadão, mas é completamente inadmissível para um chefe de estado.

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Observações na quarentena…

Quinze coisas que descobri após 10 dias de confinamento:

1) Há mais especialistas em Coronavirus no Brasil do que habitantes no planeta Terra;

2) Mostrar preocupação pública com as questões econômicas advindas da pandemia o transforma imediatamente em um bolsominion desprezível que só pensa no seu próprio umbigo;

3) Mostrar preocupação pública com a saúde da população o transforma imediatamente em um petista vagabundo que não sai de casa e só quer derrubar o governo;

4) Isolamentos horizontal e vertical são, juntamente com o português e a matemática, as matérias obrigatórias ministradas desde o ensino fundamental em nossas escolas;

5) A pandemia foi criada com o objetivo de acabar com o governo Bolsonaro. Os demais países e economias afetadas não passam de meros acidentes de percurso;

6) Exemplos de medidas adotadas em outros países só são válidos quando corroboram a ideologia de quem os divulga;

7) É proibido questionar. Quem o faz imediatamente é condenado com base nos itens 2 ou 3 acima;

8) Quanto mais veemente, dura e assertiva é a posição de uma pessoa, menos ela entende do que está falando;

9) As manchetes dos jornais só perdem para as tias do Zap como as fontes de informação mais utilizadas. As publicações científicas aparecem em último na lista;

10) Quanto mais uma pessoa repete: “precisamos pensar, gente”, menos ela pensa;

11) Os políticos de oposição torcem para que a pandemia seja controlada com a mesma sinceridade com que uma miss aplaude a vitória da colega;

12) Nunca a palavra “comorbidade” foi tão utilizada na história da língua portuguesa. E muita gente ainda não sabe o que ela significa;

13) Nem os fabricantes de vidros blindados sabiam que seu produto tinha atribuições tão diversas;

14) Oitenta por cento dos áudios e vídeos enviados nas redes sociais jamais foram abertos;

15) O vírus que transforma um cidadão comum em baba-ovo de político é muito mais letal do que o Covid-19.

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Aspirações coordenadas…

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O Coronavirus já mudou o Brasil e o brasileiro. Ainda longe de qualquer perspectiva de término, a pandemia já pode ser considerada um divisor de águas em nossa sociedade. Não que divisores de água sejam raros na nossa história mas, em uma análise antropológica mais apurada, a atual mudança merece um destaque especial.

Se analisarmos apenas os últimos vinte anos, por exemplo, a sociedade brasileira já se dividiu de diversas formas: Lula x FHC, PT x PSDB, petralha x coxinha, vermelho x verde e amarelo, golpe x impeachment, anta x pato amarelo, Haddad x Bolsonaro. Claro, ao longo de todas essas mudanças vivenciamos também pequenas divisões pontuais: vai ter Copa x não vai ter Copa, Lewandowski x Rosa Weber, Lula livre x ele tá preso, babaca, Democracia em Vertigem x O Mecanismo. Sim, caros leitores, e não vale o argumento de que vocês não se identificavam com nenhuma dessas correntes de pensamento. Talvez não tenham notado, mas nunca houve outras opções disponíveis. Ou vocês estiveram de um lado ou de outro, simples assim. Mas hoje, finalmente, atingimos um novo patamar.

Só mesmo uma pandemia em escala global seria capaz de tal façanha. A mesma pandemia que nos mostrou que há mais especialistas em Coronavirus no Brasil do que em toda a comunidade científica mundial. Que fez com que os sons de aplausos e panelas ecoassem democraticamente pelas ruas das cidades desertas. Que explodiu as consultas ao Google sobre as gripezinhas que mais mataram na história da humanidade. Que fez as pessoas perceberem o quão pouco haviam se dedicado à geografia no ensino médio. Que trouxe arrependimento àqueles que não tinham em casa um grande estoque de cerveja e um ainda maior de rivotril.

Pois bem, graças ao Coronavirus, a partir de agora a sociedade brasileira oficialmente se divide entre isolamento horizontal e isolamento vertical. Convenhamos, mais didático do que isso é impossível. Desde os longínquos e simplórios tempos de esquerda e direita, a nossa sociedade não havia encontrado conceitos tão graficamente evidentes. Mas com um inequívoco avanço: deixamos de lado a unidimensionalidade e alcançamos o plano cartesiano.

Perceberam a importância da coisa? Agora temos Descartes e podemos, finalmente, deixar Marilena Chauí e Olavo de Carvalho para trás. Imaginem todas as possibilidades abertas à nossa sociedade. Imaginem todas as composições possíveis. Pela primeira vez, aqueles que se identificam com pontos ora na horizontal e ora na vertical terão forma, serão vistos. Podem ser apenas pequenos pontos flutuando mansamente em um dos quadrantes. Mas poderão se tornar diagonais, ângulos, hipérboles, espirais, circunferências, elipses, parábolas. Ah, as parábolas. Quanto conhecimento e quanta sutileza elas são capazes de guardar. Poderemos acessá-las pela primeira vez. Um novo mundo muito mais livre acaba de se abrir diante de nós.

Quem diria que uma epidemia que nos condenou à reclusão poderia nos proporcionar tamanha liberdade. Liberdade inclusive para aqueles que quiserem se manter exclusivamente na horizontal ou na vertical. Entretanto, diante de um novo mundo tão rico e tão vasto, só não venham depois reclamar de solidão…

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Comunicações efetivas…

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Ao contrário do que se imagina, as formas de comunicação instantânea não nasceram com a internet. Muito antes da invenção do Whatsapp, a humanidade já conseguia se comunicar à distância em tempo real. E falo de meios bem mais democráticos e acessíveis do que um telégrafo, por exemplo. Afinal, para que este último funcionasse, era preciso pelo menos um segundo aparelho que recebesse e registrasse o que o primeiro informava.

Milhares de anos antes disso, homens já enviavam mensagens usando métodos de comunicação que, apesar de sua simplicidade, conseguiam compartilhar informações de forma simultânea a toda uma comunidade.

No passado, fumaça, fogo e música já serviram de alerta para tentativas de invasão, movimentação de grupos inimigos, mortes de líderes e até nascimentos, comemorações e eventos, dando origem às primeiras colunas sociais da história.

A tecnologia mudou tudo isso, naturalmente. Durante muitos anos, o telefone, os jornais, o rádio e a televisão foram os veículos mais usados na comunicação à distância. E com o advento da Internet e das redes sociais, a comunicação se democratizou de vez.

Curiosamente, mesmo com a tecnologia disponível a todos, o ser humano não se esqueceu das rudimentares formas de comunicação utilizadas há milênios.

Há cinco anos, o brasileiro voltou a utilizar a comunicação por tambores tão difundida em povos primitivos. Por questões de logística, os grandes e pesados tambores foram substituídos por panelas, bem mais leves e acessíveis.

A novidade foi objeto de reportagens e estudos antropológicos pelo mundo afora, e de veemente repúdio por parte daqueles que não concordavam com a mensagem divulgada. Segundo estes, os donos das panelas não tinham lugar de fala – ou de ritmo – para se manifestarem.

De qualquer forma, o objetivo daquela comunicação foi atingido e o som das panelas cessou por alguns anos. Mas veio a pandemia, veio a quarentena e as panelas voltaram a ser utilizadas como instrumentos de comunicação, inclusive por aqueles que tanto as criticaram.

O grande problema agora é que as mesmas panelas estão sendo usadas para mensagens contraditórias. Aí, convenhamos, vira bagunça. Não dá pra ficar marcando hora pra panela que fala mal e pra panela que fala bem. Perde-se a espontaneidade do movimento, entende? Além do mais, o som da panela está indissociavelmente ligado à crítica. Quem quiser falar bem deveria bater palmas e não panelas. Mas as palmas já estão sendo usadas como homenagem aos profissionais da saúde.

Como resolver tamanho dilema e, ao mesmo tempo, dar espaço para que todos possam se manifestar livremente?

Cheguei a pensar em trocar as panelas por copos mas isso seria perigoso demais. Nossos hospitais não estão preparados para uma avalanche de solicitações de suturas, principalmente no atual momento.

Objetos de plástico também não seriam adequados pois não emitem sons que possam fazer frente às panelas.

Caixas de som voltadas para as janelas tocando “Eu te amo, meu Brasil” serviriam bem ao propósito mas o aspecto arcaico da coisa estaria perdido (refiro-me obviamente ao uso da tecnologia, não à música).

Por fim, pensei em apitos e vuvuzelas mas imaginei que a menção a mais um fracasso brasileiro talvez não fizesse bem ao ego nacionalista dos usuários.

Pedi a opinião de diversos especialistas em sons mas ainda não encontrei algo que consiga passar a mensagem da forma única e peculiar que seus usuários merecem. Continuo aceitando sugestões.

Um especialista do interior chegou a me sugerir a utilização de berrantes. Seria uma boa ideia se não fosse justamente de um berrante o som que convoca cada manifestação…

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Um oceano de amor…

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Meu amor, pra quem está acostumada a viver cercada de amigos, o dia de hoje pode até lhe parecer solitário.

Como se você fosse a única pessoa no imenso universo azul.

Se for esse o caso, Dani, abra os braços e celebre o seu dia e a sua vida.

Sinta-se imersa em um oceano de amor.

Um oceano que você conquista, cativa e aumenta a cada instante com a sua generosidade, com a sua lucidez, com a sua doçura, com a sua coragem, com a sua força e com a sua luz.

Sinta-se cercada por esse amor que preenche todos os seus poros.

Mergulhe e permita que o amor que a envolve banhe a sua alma.

Você vai se sentir plena e essa é a plenitude que você emana. É esse seu amor que deixa o oceano mais límpido e cristalino. Tão cristalino quanto a sua alma.

Volte à superfície, meu amor, e perceba que você não está sozinha.

Nunca esteve.

Jamais estará…

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