– Boa noite. Bem-vindos ao “Gente de Sucesso”, o programa que valoriza o empreendedor brasileiro. Nosso convidado de hoje é o Geraldinho Bandeira.
– Ô moço, é Geraldinho das bandeiras.
– Bandeira não é seu sobrenome?
– Não, o pessoal confunde por causa do meu trabalho.
– Você trabalha com bandeiras?
– Fabrico e vendo, moço.
– Você está entre os maiores empreendedores do ano fabricando e vendendo bandeiras?
– Não só do ano. Tô entre os maiores desde 2018.
– Que coisa fantástica, senhoras e senhores. Geraldinho, você vai ter que contar o segredo desse sucesso pra gente.
– Conto sim, moço.
– Diz como tudo começou.
– Bom, eu tava procurando emprego em Curitiba quando passei por um acampamento enorme perto da Polícia Federal.
– Isso foi em 2018?
– Foi. Comecei a conversar com aquele povo e vi que eles não eram muito certos das ideias, sabe?
– Como assim?
– Ah, todo dia eles davam bom dia e boa noite pro prédio, e viviam reclamando de golpe, de falta de liberdade, de ditadura do judiciário, essas coisas.
– E como as bandeiras entraram na história?
– Ué, fui anotando as coisas que eles falavam e comecei a fazer bandeiras com mensagens do tipo “Lula livre”, “Justiça parcial não é justiça”, “Fascistas não passarão”, e mais um montão de frases do tipo.
– E foi um sucesso de vendas?
– Moço, foi uma loucura. Acabei com o estoque de pano vermelho da cidade. Um ano depois tava fazendo mais de mil bandeiras por dia.
– Mil bandeiras vermelhas por dia?
– Não. A procura por bandeira vermelha caiu muito. Do final de 2018 pra cá só trabalhei com bandeira verde e amarela.
– E as vendas continuaram altas?
– Oxi, só aumentaram.
– Mesmo na pandemia?
– A pandemia foi um dos períodos em que mais vendi, moço.
– Sério? Como você conseguiu isso?
– A gente tem que perceber quais são as demandas do momento. Minhas bandeiras tinham xingamento a prefeitos e governadores, protestos contra máscaras, e críticas à “vachina”. Nosso maior sucesso da época foi uma bandeira do Brasil com a foto de um comprimido de cloroquina no centro.
– Que história inspiradora, Geraldinho.
– E não parou por aí. Ano passado batemos recordes com nossa bandeira “Eu autorizo”, e acabamos de atingir nosso pico histórico de vendas.
– Alguma frase especial desta vez?
– Todas pedindo anulação das eleições, fechamento do STF, e intervenção militar.
– Parabéns, Geraldinho. Sua trajetória é um exemplo pra todos os nossos assinantes.
– Brigado.
– Antes de encerrar, me responda: o que você espera de 2023 para que seu negócio continue prosperando?
– Ah, moço, enquanto existir gente tapada no Brasil eu tô feliz.
– Geraldinho, acho que o sucesso da sua empresa tá garantido.