Um Natal clichê…

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Eu quero um Natal clichê. Um daqueles natais melosos, encantados, cheios de paz e reflexões. Um Natal de propaganda de telefonia celular, em que as chamadas virtuais transmutam-se em flashes de encontros verdadeiros. Um Natal dos filmes da sessão da tarde, em que o bom velhinho realmente existe, e os desejos sempre se realizam. Um Natal iluminado pelas luzes das árvores e, principalmente, pelos sorrisos que resplandecem em torno delas.

Eu quero um Natal clichê. Um Natal em que as pessoas se unem e, como numa epifania, descobrem como é amplo e fundamental o papel da família. Um Natal em que cada segundo conta mais do que todas as horas da rotina diária, em que o tilintar das taças reverberam como sinos a anunciar o nascimento de um menino que, para tantos, é sinônimo de amor.

Eu quero um Natal clichê. Quero me emocionar ao ver dois irmãos abraçados, depois de um ano inteiro de saudades. Quero poder chorar diante da alegria de uma mãe que já se conformara com a primeira ausência de um filho na mais emblemática das noites. Quero trocar as lágrimas provocadas pela distância por um pranto carregado de toques, cheiros e texturas, guiado pela plenitude de um abraço.

Eu quero um Natal clichê a me mostrar que nada poderia ser mais clichê do que beijos tocando a pele, mãos finalmente se entrelaçando, olhares que se bastam.

Eu quero um Natal clichê porque não há nada mais clichê do que ver um pai contemplando seu filho sem conseguir disfarçar orgulho e gratidão. Não há nada mais clichê do que o reencontro de um jovem com o ninho do qual se despedira há mais de 2 anos. Não há nada mais clichê do que a imagem de uma família reunida, findando uma longa espera.

Eu quero um Natal clichê porque, afinal de contas, nada é mais clichê para mim do que uma boa e inesquecível surpresa.

Feliz Natal a todos! E que o mais clichê dos votos se multiplique.

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