– Mestre, hoje eu sonhei que estava em Shangri-la, o paraíso perdido.
– Fale mais, gafanhoto.
– Ah, Mestre, era uma terra abençoada, cheia de matas densas, cascatas de águas cristalinas, lagos e muito ar puro.
– Gafanhoto, paraíso perdido muito bonito mesmo.
– Sim, mestre. Durante o dia eu andava pelas trilhas entre as colinas, ouvindo o canto dos pássaros, sentindo o perfume das flores.
– Mas por que Gafanhoto certo que sonho era Shangri-la?
– A comunhão, Mestre.
– Comunhão, Gafanhoto?
– Sim, Mestre. Comunhão de tudo. Em Shangri-la não há propriedades. Tudo pertence a todos. Eu podia passar dias no sítio que eu quisesse, dormir no quarto que eu quisesse, entrar na casa que eu quisesse.
– Gafanhoto ainda muito jovem. Sonho não era Shangri-la.
– Não, Mestre?
– Não. Gafanhoto sonhou com Atibaia…