Você é a favor da redução irrestrita da maioridade penal?
Não.
Você é a favor da redução da maioridade penal para crimes hediondos, como aprovada nesta semana em primeiro turno pelo congresso?
Sim.
Você considera correta a manobra feita pelo presidente da câmara Eduardo Cunha para votar praticamente o mesmo texto, menos de vinte e quatro horas depois de ter sido derrotado?
De forma alguma.
Mesmo lembrando que o governo, o PT e todos os demais partidos já se valeram de manobras semelhantes diversas vezes?
Mesmo assim. Uma canalhice não justifica a outra.
Você acha que essa redução vai solucionar os problemas de violência do Brasil?
De jeito nenhum.
Você acha que essa redução vai ajudar a diminuir os índices de criminalidade no país?
Não.
Você acha que essa redução vai aumentar os problemas das penitenciárias superlotadas?
Sim.
E mesmo assim você é a favor? Por que?
Porque eu entendo ser o justo. Porque eu acredito que uma pessoa de dezesseis anos que pratica um crime hediondo, não é mais apenas um adolescente indefeso à procura do seu caminho na vida.
Mas você não acha que, se ele fosse internado em uma instituição como a Fundação Casa, ele teria uma chance maior de se reabilitar?
Não. Estatisticamente, o percentual de adolescentes que praticaram crimes hediondos e se recuperaram na Fundação Casa é o mesmo que o de adultos nas penitenciárias: zero.
Ao defender a redução, você não se sente insensível aos direitos humanos, retrógrado e fascista?
Não mesmo.
E você considera os que defendem a manutenção da maioridade verdadeiros esquerdopatas, retardados funcionais e acéfalos?
Claro que não. Eles apenas têm uma opinião diferente da minha em um assunto absolutamente polêmico. Nada mais natural. Além do mais, acho que existe um consenso geral de que a única maneira realmente efetiva para que o Brasil avance nesta área é o investimento maciço em educação.
Você aceitaria ouvir e analisar argumentos contrários à sua posição sem se sentir ofendido?
Claro. Tenho feito isso o tempo todo e vou continuar fazendo.
Então por que essa indignação, essa violência verbal, esses insultos e ataques de parte a parte?
Porque hoje, e cada vez mais, as pessoas só respeitam as opiniões concordantes. As discordantes, pensam elas, vêm sempre de imbecis. Vivemos o tempo da condenação alheia em rito sumaríssimo.
Que pena!