2019 não espera…

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E assim, como num piscar de olhos, outro ano se passou. Há poucos instantes estávamos nos abraçando e celebrando o início de 2018. Olhávamos para o céu iluminado na esperança de que o novo ano nos trouxesse esperança. Hoje, esperamos pelo início de 2019 na esperança de que a esperança que 2018 nos trouxe não nos faça esperar por mais um ano.

Somos um povo acostumado a esperar. A esperar que a economia melhore, a esperar que o governo não nos atrapalhe, a esperar que os políticos corruptos sejam condenados e presos, a esperar que o setor em que trabalhamos seja contemplado com subsídios, a esperar que a chuva seja abundante para que não nos falte energia e irrigação, a esperar que a chuva não seja torrencial para que nossas colheitas não se percam, a esperar que os nossos juízes sejam realmente justos…

Mas o que temos esperado de nós mesmos? Mais importante ainda, o que temos feito além de esperar?

Não esperemos mais. Sejamos em 2019 a energia transformadora que o Brasil anseia há décadas. Conseguimos mudar muita coisa em 2018 mas este foi apenas um pequeno passo diante de uma longa caminhada que temos pela frente. Sejamos no próximo ano aquilo que sempre esperamos de todos os demais.

Que não nos acomodemos em 2019. Que fiquemos atentos aos nossos próprios comportamentos. Que questionemos constantemente os nossos próprios conceitos e ideais, afinal, ideias fixas frequentemente são sinais de acomodação. Que saibamos nos reinventar, nos reconstruir. Que nos permitamos cometer erros novos pois os velhos já nos ensinaram o bastante. Que saibamos arriscar com consciência e responsabilidade. Que aprendamos a nos colocar na posição do outro e que entendamos que o nosso ponto de vista é apenas a nossa verdade, não a verdade absoluta, mesmo porque esta não existe. Que consigamos ser tolerantes sem perder a firmeza e flexíveis sem abdicar dos nossos princípios. Que busquemos argumentar sem arrogância, que aprendamos a admitir nossos equívocos apesar daquela incômoda pontinha de vergonha, que possamos ouvir o ponto de vista contrário com a mesma atenção com a qual expomos nossas convicções. Façamos isso no ano que está para começar.

Que não nos acomodemos em 2019. Que tenhamos capacidade de lidar com o contraditório, mesmo que nos pareça completamente absurdo. Que saibamos respeitar as opiniões alheias. Que tenhamos consideração pelos não crentes e, da mesma forma, por aqueles que veem Buda, Alá, Jeová, Oxalá ou Jesus na igreja, no templo, em uma queda d’água, em uma árvore ou dentro de si mesmos. Mas, ao mesmo tempo, que não permitamos que nos sejam impostas regras e condições que restrinjam a liberdade das nossas próprias crenças. Façamos isso no ano que está para começar.

Que não nos acomodemos em 2019. Que tenhamos discernimento para continuar cobrando novas posturas dos nossos novos governantes. Que não deixemos nossos conceitos e ideologias nos tornarem cegos ou parciais. Que poucos de nós se disponham a encontrar desculpas para defender um político preso e condenado, mesmo que já o tenhamos considerado um grande governante no passado. Que poucos de nós se disponham a encontrar desculpas para defender um molestador de centenas de mulheres, mesmo que já o tenhamos considerado um emissário de Deus no passado. Que poucos de nós se disponham a encontrar desculpas para defender um político envolvido em movimentações financeiras evidentemente irregulares, mesmo que já o tenhamos considerado o único candidato honesto do país no passado. Que não percamos a capacidade de nos indignar com os fatos, independente dos autores. Que não sejamos reféns das nossas próprias escolhas. Façamos isso no ano que está para começar.

Que não nos acomodemos em 2019. Façamos dele o ano pelo qual temos esperado há tempos. Façamos dele o ano pelo qual batalharmos, almejarmos, esperançarmos. Os contratempos, as dificuldades, os obstáculos não deixarão de existir, mas não podemos permitir que eles se transformem em desculpas. Não há nada pior do que desculpas para minar a esperança. Desculpas deixam obstáculos árduos intransponíveis, metas ousadas inatingíveis, problemas graves insuperáveis, chances remotas completamente nulas. Nada é mais degradante do que a desculpa. Que tenhamos forças para superar os nossos próprios limites. Que tenhamos, acima de tudo, consciência de que limite é o ponto que as nossas próprias desculpas nos permitiram alcançar até agora. Nossos limites, portanto, são irreais, são ilusórios, são fantasmas que deixamos nos assombrar. Podemos e merecemos bem mais. Podemos e merecemos ir bem mais longe. Podemos e merecemos nos livrar das amarras que nós mesmos criamos. Façamos isso no ano que está para começar.

Que não nos acomodemos em 2019. Que tenhamos determinação, coragem, garra, atitude, otimismo, persistência, vontade de acertar, de crescer e de prosperar. Que tenhamos, ao mesmo tempo, tolerância, respeito, generosidade, integridade, discernimento, humanidade e amor. Que nos permitamos chorar de emoção e gargalhar feito bobos. Que sejamos capazes de perdoar nossos erros e valorizar as nossas vitórias. Que saibamos conquistar cada vez mais amigos verdadeiros, abraços sinceros, olhares autênticos e sorrisos desarmados. Que possamos ser o amigo, o abraço, o olhar e o sorriso que o outro precisa. E que sejamos sempre gratos pelo que a Vida nos oferecer. Façamos isso no ano que está para começar.

Feliz 2019 a todos nós. Façamos de 2019, juntos, o mais feliz dos nossos anos!

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