Tenho repetido e acredito firmemente que as próximas eleições serão as mais importantes da história do Brasil. Não temos mais nenhuma margem para erros. Se não mudarmos de rumo, iremos perecer como nação, não tenho a menor dúvida. Não podemos correr o risco de eleger alguém que não tenha compromisso com a desburocratização, com a liberdade individual, com o apoio ao empreendedorismo, com a universalização do saneamento básico e da educação de qualidade, com a responsabilidade fiscal e com a segurança pública, entre muitas outras importantes metas. Cada eleitor tem, não apenas o direito, mas o dever de escolher o candidato que melhor represente seus anseios e suas expectativas. Afinal, durante muitas eleições, nossa capacidade de escolha ficou limitada a dois polos não tão opostos como queriam que acreditássemos a princípio. Ficamos presos a nomes que jamais sintetizaram nossos ideais e acabávamos votando em quem acreditávamos ser o menos bandido, o menos incompetente ou o menos estúpido. Hoje, pela primeira vez em quase trinta anos, vislumbramos um cenário diferente. Hoje temos um número de candidatos bem maior e uma polarização muito mais restrita às ideologias do que aos nomes outrora impostos. Hoje, pela primeira vez para a maioria da população, cada eleitor poderá votar em um candidato em quem realmente confie. E isso é precioso.
Entretanto, talvez ainda pelos resquícios das experiências vividas, tenho percebido um movimento no sentido de voltarmos a nos comportar como nas eleições passadas, nas quais as ideologias teoricamente à direita e à esquerda determinavam seus únicos representantes e estes concentravam o recebimento de quase a totalidade dos votos válidos. Como eu disse, nossa escolha era baseada na completa desaprovação da candidatura rejeitada e não na aprovação daquela na qual votamos. Eu me recuso a vivenciar isso novamente, pelo menos enquanto tiver escolha. Eu me recuso a cogitar um “voto útil” no primeiro turno se tenho, pela primeira vez em décadas, um candidato que realmente represente meus ideais. Além do mais, estamos a cinquenta dias das eleições e nenhum cenário está sequer perto de se consolidar. Votar em um candidato com quem não me identifico simplesmente porque ele tem, teoricamente, mais chances de se eleger do que aquele no qual confio é, na minha opinião, um completo despropósito. É como se eu estivesse deliberadamente escolhendo a direção errada tendo absoluta consciência daquela que deveria seguir. E quando falo de certo e errado aqui, refiro-me exclusivamente à minha consciência, às minhas crenças, aos meus anseios. Cada um tem as suas, e quem sou eu para dizer que a minha escolha é a correta. Mas ela é minha, e isso também é absolutamente precioso.
Portanto, eleitor brasileiro, se me permite um conselho, no primeiro turno vote em alguém que realmente mereça sua confiança. Alguém que você considere verdadeiramente capacitado a mudar os rumos de um país à deriva. O momento que estamos vivendo é muito raro. O sistema político brasileiro é podre, viciado e não permite essa pulverização de candidaturas e ideias com frequência. Conheça e divulgue as propostas do seu candidato, defenda seus ideais e jamais o abandone em função de pesquisas ou do receio de candidaturas adversárias. Assim, mesmo que o seu candidato não venha a ser eleito, você irá experimentar a extraordinária sensação de paz por ter trilhado o caminho certo, ainda que menos percorrido. E nada é mais precioso do que isso!