Existem momentos na vida em que eu daria tudo para não ter dúvidas sobre qual é a frase certa a ser dita, sobre quais palavras podem tocar mais profundamente um pequeno e ansioso coração, sobre qual tom de voz é capaz de exprimir melhor a firmeza e o amor primordiais para que a compreensão seja realmente plena.
Mesmo imerso em incertezas, procuro repetir muitas das palavras que me nortearam e apaziguaram um dia. Ao repeti-las, busco empostar a voz para que, tão somente no meu afã, o tom adotado consiga convocar a doçura que transformava cada frase bem construída em profundo e melodioso aprendizado. Que bobagem! Palavras e maneira de dizê-las continuam únicas e inimitáveis. E apenas ecoam na minha memória como um dialeto para o qual não há tradução ou, pelo menos, como uma língua de dublagem limitada em que o som do amor, tão evidente na versão original, jamais se reproduz.
Queria tanto que ele pudesse estar aqui para demonstrar, mais uma vez, conteúdo e forma. Queria tanto que ele fosse capaz de novamente transmitir tolerância, força e confiança ao pequenino coração. Queria tanto que o toque de suas mãos voltasse a findar o desamparo dos ombros. Queria tanto que sua simples e breve presença transformasse outra vez dúvidas em certezas, questionamentos em afirmações, ríspidos monólogos em suaves duetos de amor.
Existem momentos na vida em que eu daria tudo para que ele estivesse aqui novamente…