AD10S…

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O tango é passional, dramático, visceral. Seu ritmo ardente pede letras que falem de amores e desencontros, paixões e revoltas, vigor e morte. Assim também é o argentino. Efêmero apaixonado infindo, rebelde em sua própria euforia, beato de ídolos e crenças. Eterno órfão em busca de seus guias. Simples, em quatro linhas cabem seus anseios. Caótico, devoto de quem lhe fez sorrir, mesmo que ainda chore. Altivo, máculas abstratas não abalam ícones incontestes.

Seus heróis já tiveram muitos nomes: Carlos, Eva, Jorge, Diego. Um deles ainda há de virar santo. Apenas um se tornou deus.

“Basta de carreras, se acabo la timba
Un final reñido ya no vuelvo a ver
Pero si algún pingo llega a ser fija el domingo
Yo me juego entero
Qué le voy a hacer”

“Volver con la frente marchita
Las nieves del tiempo platearon mi sien
Sentir que es un soplo la vida
Que veinte años no es nada
Que febril la mirada, errante en las sombras
Te busca y te nombra
Vivir con el alma aferrada
A un dulce recuerdo
Que lloro otra vez”

E o brasileiro, tão afeito a idolatrias trôpegas quanto o argentino, deixa hoje a rivalidade de lado e conclama o poeta a falar por ele:

“Pelo prazer de chorar e pelo “estamos aí”
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague.”

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