Há quase 54 anos eu nascia pela primeira vez, pelo menos neste plano. Digo primeira vez porque renasci, mais tarde, muitas outras vezes. Renasci ao ouvir o primeiro choro dos meus filhos, ao me despedir dos meus pais, ao superar obstáculos que julgava intransponíveis, ao me resignar diante de outros tantos, ao me perdoar.
Hoje comemoro o aniversário do maior dos meus renascimentos. Aquele que possibilitou que eu vivenciasse e superasse todos os demais. Aquele que, tal qual o primeiro, me ensinou a respirar. Aquele que, como nenhum outro, me tirou o fôlego.
São 23 anos desde que ela me apresentou à vida. Há 23 anos, ela insiste em me ensinar a viver e, mesmo diante da minha evidente dificuldade de aprendizado, nunca desiste. Há 23 anos, ela faz com que todos os meus problemas pareçam corriqueiros. Há 23 anos, é ela que abre e ilumina meus caminhos. São 23 anos de paz.
Alguns acham que um amor como esse estava escrito nas estrelas. Não saberia dizer. Mas sei que não consigo desassociá-la da vida, do mundo, da natureza. O nome dela está implícito no desenho das árvores. A sua alegria é capaz de emergir do profundo azul do oceano. O seu sorriso faz frente à beleza dos vales, dos fiordes e das montanhas de onde gritamos juntos em busca do infinito.
São só 23 anos, mas o infinito nos espera…