Você já gritou do alto de uma montanha?
Experimente, é libertador. Sua voz se apresenta e o eco corre para lhe fazer companhia. As ondas sonoras se propagam em direção ao horizonte e você quase é capaz de tocá-las. São as pequenas vibrações que abrem passagem pelas nuvens que ameaçavam detê-las.
Diante do seu grito, até o vento se assusta e segura o ar que soprava até então. As águas que caem nas encostas trocam o rugido pelo sussurro do spray que sobe ao invés de cair. Os pássaros abrem as asas em sinal de aprovação e reverência. Enquanto o eco é ouvido, a natureza se cala. E assiste.
Um sopro mais forte em seguida é sinal de que o vento quer intimidá-lo. Não se deixe impressionar. Ventos não são muito afeitos a desafios. Deixe-o em paz. Agradeça ao sol por sua discrição e ao rio por sua timidez. Ambas são efêmeras, mera gentileza de quem anseia por dissonâncias.
Sua voz e seu novo amigo eco modificaram cada átomo daquele lugar. A montanha jamais se esquecerá. Você também não.