Limpeza pesada…

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– Prezados, hoje tem que ser na base do mutirão. Tem sujeira espalhada pra todo lado.
– Nem me fale, Alexandre. Vi que você começou a limpeza ontem mesmo. Sua determinação me impressiona.
– Caio, eu tinha que dar o exemplo. Sei que sou inspiração pra muita gente, inclusive pra jovens como você.
– Confesso que estou com um pouco de preguiça, pessoal. Essa rotina de limpeza cansa. Não prometo fazer muito esforço pra limpar debaixo do tapete não.
– Qual é, Rodrigo? Vai roer a corda agora? Somos um time ou não? E desde quando a gente limpa debaixo do tapete?
– Força de expressão, Augusto. Somos um time sim. Fica tranquilo, é só um desânimo passageiro. Amanhã prometo que terei de volta toda a minha gana de passador de pano.
– Ótimo. A gente precisa de união.
– Gente, cadê o Guilherme e a Ana Paula? Até agora não deram as caras.
– Não se preocupem. Sabemos como eles são. Quando a sujeira é grande demais, sempre esperam a poeira baixar.
– É verdade, Alexandre. E aposto que a AP vai alegar que está mais ligada na faxina americana.
– Bom, a sujeira é das grossas por lá também.
– Foco, pessoal. Foco. Enquanto a gente fica nesse lero-lero o pó só acumula.
– Quem me preocupa mesmo é o J.R. Ele jogou a merda toda no ventilador ontem, vocês viram?
– Calma, Rodrigo. Ainda tá muito cedo pra chegarmos a uma conclusão. Da outra vez foi a mesma coisa e ele voltou pra turma com o paninho entre as pernas.
– Tomara que você tenha razão, Caio. Mas lembre-se de que já perdemos bons faxineiros ao longo do último ano.
– Não adianta a gente entrar nessa paranoia agora. Diante do trabalho, os preguiçosos somem. Vamos dar tempo ao tempo.
– Não temos muito tempo não. Olhem só, nem o Allan apareceu. E ele é sempre o primeiro. Tô ficando preocupado.
– Pois é. É daqueles que não têm vergonha de se contorcer pra limpar até as sujeirinhas mais difíceis. Tipo o Alexandre, só que bem mais tosco.
– Prezados, nossos esforços têm que ser muito coordenados agora. Teremos que acumular tarefas, pelo menos até que o resto da turma apareça.
– Perfeito, Alexandre. O comando é seu.
– Pois bem. Caio, você poderia passar pano pro currículo do nomeado.
– Combinado. Vou limpar e ainda dar um lustro.
– Excelente. Como o Rodrigo está desanimado, ele fica a cargo de passar pano pro desapontamento do eleitor. Sujeirinha fácil de limpar.
– Deixa comigo. Limpo e ainda toco o berrante.
– Você é mesmo bom nisso, Rodrigo. Agora, Augusto, você prefere ficar a cargo da limpeza da reunião com o Gilmar ou do abraço efusivo no Toffoli?
– Alexandre, sabe o que é? Minha coluna está me matando nesses dias. Não sei se dou conta de todo esse contorcionismo.
– Augusto, sou mais velho que você e consigo me enfiar em qualquer greta pra passar um pano bem passado.
– É que você já está aposentado. Faz isso pelo amor à faxina. E a sua coluna é bem mais maleável.
– Então passa pano pras pedaladas, pro Renda Brasil e pro desfalque no Fundeb. Pode ser?
– Farei o que puder.
– Já vi que sobrou pra mim a sujeira mais encardida. Alguma sugestão, prezados?
– Água sanitária e um pouco de soda cáustica, Alexandre. Só o pano ali não vai dar nem pro começo…

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