Uma casa em Londres…

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Eu ainda era praticamente um garoto quando estive aqui pela primeira vez. A primeira vez tanto tempo longe de casa. A primeira vez tendo que me virar sem a tutela dos meus pais. A primeira vez realmente ciente de que teria que arcar com as consequências das minhas próprias decisões. A primeira vez do outro lado do oceano, hoje quase equivalente a uma temporada em Marte. Outros tempos em que a tecnologia da comunicação se restringia a telefonemas ocasionais tão absurdamente caros que o protagonismo das cartas permanecia intocável, principalmente para aqueles detalhes do cotidiano que poderiam perfeitamente aguardar uma ou duas semanas para serem compartilhados.

Eu me lembro como se fosse hoje do dia em que cheguei aqui, do dia em coloquei os pés nesta casa e senti seu aroma inconfundível. Ainda não sou capaz de descrevê-lo mas, desde então, passei a associá-lo à liberdade, ao desejo de romper barreiras, à ânsia de se descobrir o mundo e, principalmente, ao amor. Porque amor foi o resumo de tudo o que eu vivi nesta casa durante os meses que aqui passei. Marley e Pedro fizeram com que eu, Marius e Silvio percebêssemos as alegrias e as agruras de se lutar pelos seus objetivos e ir em busca dos seus sonhos. E o fizeram com tanta naturalidade e com tanto carinho que esta passou a ser também a nossa casa, e por isso assim a chamo desde então. Talvez nem mesmo eles tenham a noção do quanto estar aqui foi importante para a formação do meu caráter, para a maneira com a qual passei a encarar meus próprios sonhos e objetivos.

Volto aqui depois de tanto tempo para mostrar à casa o que aprendi com ela. Volto para expor a concretização de muitos dos sonhos que aqui acalentei. Volto para dizer à minha família que parte da minha alma sempre estará aqui, como uma horcrux do bem, ligada intrinsicamente a esta casa e a esta cidade. Volto para comemorar o aniversário do meu filho, que se aproxima agora da idade que eu tinha quando aqui cheguei, e que sabe que em breve terá pela frente, na busca dos seus sonhos, outras casas e cidades para também chamar de suas. Volto, principalmente, para agradecer. Agradecer a esta cidade, às pessoas maravilhosas que aqui me receberam e me acompanharam, à Vida. É sempre muito bom voltar pra casa!

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