Enquanto o governo Maduro fecha as fronteiras da Venezuela, a esquerda brasileira continua fechando seus olhos para o massacre que ocorre há tempos no país vizinho.
Enquanto o governo Maduro queima caminhões com toneladas de mantimentos destinados a um povo miserável, a esquerda brasileira continua creditando tal miséria exclusivamente aos embargos do imperialismo americano e sua ganância pelo petróleo alheio.
Enquanto o governo Maduro assassina compatriotas que ousam desobedecer as ordens de uma ditadura, a esquerda brasileira se solidariza com o ditador e o chama de democrata eleito pela vontade de um povo soberano.
Enquanto o governo Maduro destrói conjuntamente a economia do país e a esperança de seus cidadãos, a esquerda brasileira continua afirmando que o verdadeiro povo venezuelano caminha junto a seu líder, e chama de golpistas os milhões que protestam diariamente nas ruas.
Enquanto o governo Maduro zomba dos líderes dos países que não mais o reconhecem como presidente, a esquerda brasileira continua zombando da inteligência alheia ao propor um alinhamento com o que há de mais retrógrado, de mais pernicioso, de mais degradante hoje na política externa mundial.
As fronteiras da Venezuela serão reabertas mais cedo ou mais tarde e o governo Maduro não se sustentará por um longo tempo. Mas o povo venezuelano ainda sofrerá muito até que consiga reerguer seu país destroçado pelo socialismo. Como invariavelmente acontece, as promessas iniciais de justiça social, independência, prosperidade e liberdade feitas pelo líder da vez se transformam rapidamente em perdas de direitos, penúria, caos e repressão. Nem a igualdade é atingida mesmo com toda a população igualmente miserável, afinal, toda a cúpula que controla a ditadura acumula cada vez maiores riquezas. O roteiro é sempre, absolutamente sempre igual. Não poderia ter sido mesmo diferente com o socialismo implantado por Hugo Chaves e continuado por Maduro na Venezuela.
Mesmo assim, a esquerda brasileira continuará a exaltá-los e a glorificá-los. Ambos passarão a fazer parte do imaginário coletivo, e juntarão suas icônicas silhuetas às de Fidel, de Che, de Marighella, de Dirceu, de Lula e de tantos outros baluartes do ideário de esquerda. Um ideário tão poderoso que consegue (re)escrever a história de cada um deles à revelia dos fatos. Um ideário que conta com o auxílio de politicos e formadores de opinião comprometidos com a divulgação da prometida e falaciosa “justiça para todos”. Um ideário que consegue ludibriar e convencer milhares de cérebros deturpados, incapazes de questionarem a veracidade das teorias que lhes são impostas. Incapazes de analisarem com imparcialidade o ponto de vista contrário. Incapazes de perceberem, ironicamente, que é exatamente essa incapacidade a grande responsável pelo aumento do abismo cada vez maior entre o que acredita a maioria da população e o que pregam os intelectuais, artistas, filósofos, jornalistas e demais defensores de uma esquerda brasileira irremediavelmente contaminada pela patologia mórbida, destrutiva e devastadora denominada socialismo!