Há um ano, o Rio de Janeiro vivia um dia único na sua história. Vivia a expectativa da cerimônia de abertura do maior evento de todo o planeta. Há um ano, o mundo inteiro voltava seus olhos para o Brasil. Olhos repletos de desconfianças, de questionamentos, de dúvidas quanto à nossa capacidade de organização, à nossa seriedade, e até à nossa própria índole. Dúvidas absolutamente justificáveis, pois todas as datas, todos os prazos e todos os custos já tinham sido extrapolados. Inúmeras promessas já haviam sido descumpridas e diversos compromissos já tinham sido convenientemente esquecidos. Exatamente por isso, pela perspectiva de um iminente fracasso que pairava no ar, a festa que aconteceu naquela noite causou tanta surpresa e deixou o mundo, literalmente, boquiaberto. Uma festa marcada pela autenticidade, pela consciência da identidade de um povo, pela emoção e pela música. Para quem estava no Maracanã, aquela foi uma noite de profundo êxtase, de júbilo e de completa redenção. Com certeza, uma das noites mais inesquecíveis de toda a minha vida. Talvez tenha sido a primeira vez, depois de muito tempo, em que realmente voltei a sentir orgulho de ser brasileiro. Lamentavelmente, acho que foi também a última…
Um ano depois, e a grande maioria daquelas vibrantes arenas que testemunharam as performances dos maiores monstros sagrados do esporte estão abandonadas. O tão propagado legado olímpico, com raras e honrosas exceções, não passou de pretexto para que diversas quadrilhas pudessem acumular ainda mais dinheiro oriundo da corrupção, das propinas, das falcatruas. A própria cidade do Rio de Janeiro, como, de resto, todo o país, tenta sobreviver hoje à violência, ao desemprego, ao descaso do poder público. Não que estivéssemos melhores um ano atrás. Não estávamos. Mas é sempre triste quando se chega à conclusão de que não evoluímos. Um ano depois, e continuamos sendo governados por um presidente que utiliza todo tipo de mentiras, de chantagem, de subornos, de aliciamento para se manter no poder. Um ano depois, e continuamos sem conseguir vislumbrar a menor perspectiva de mudança real, em qualquer âmbito. Um ano depois, e a certeza de que toda a nossa classe política continua interessada apenas na sua própria sobrevivência continua inalterada. Um ano depois, e a sordidez, o atraso, e a mentalidade tacanha continuam dominando todas as ideologias. Um ano depois, e o sol da meia-noite que inundou de luz o Maracanã, infelizmente, parece não ter forças suficientes para iluminar o futuro do Brasil!