Se existia um time no Brasil no qual as palavras planejamento, gestão eficiente, responsabilidade e profissionalismo foram levadas, ano após ano, realmente a sério, esse era o time de Santa Catarina. O time que, em 2016, passou a ser o segundo preferido de todo torcedor. O time que, em apenas seis anos, subiu da série D para a série A do futebol brasileiro e, mais importante ainda, lá se manteve, a cada ano com mais facilidade e maior competência. O time que venceu campeões tradicionalíssimos para ter a honra de disputar, tão cedo na sua história, a sua primeira final internacional, e com grandes chances de vitória.
É difícil encontrar explicações para uma tragédia dessas. É difícil não se revoltar ao ver um trabalho tão sério sendo interrompido, especialmente em um momento em que precisávamos muito perceber que honestidade, competência e seriedade são, realmente, valores que podem levar a cada um de nós, e ao país por consequência, a uma condição mais digna, mais leve e mais feliz. Precisávamos ter exemplos concretos de que as nossas escolhas são muito importantes para se conseguir vencer na vida de uma forma verdadeiramente abrangente. O mundo ainda precisa de exemplos como esses. O mundo, tão pouco evoluído, ainda precisa de casos de sucesso que decorram das boas condutas, e não das falcatruas, das roubalheiras, das tiranias endeusadas, das deslealdades, das opções quase sempre feitas pelos caminhos mais curtos e muito menos nobres. Talvez a Chapecoense fosse apenas um ponto fora da curva em um mundo acostumado a conviver diariamente com o pior do ser humano. Mas hoje, além do conforto aos familiares das vítimas desse acidente trágico, peço apenas a Deus que permita que a Chapecoense e os muitos outros pontos fora espalhados por aí, jamais deixem de procurar mudar o rumo de uma curva que me parece destinada a repetir o mesmo mergulho feito hoje por uma aeronave na Colômbia!