Sempre gostei de escrever. Desde pequeno, era esse um dos meus maiores prazeres. Antes da existência dos correios eletrônicos e das redes sociais, gostava particularmente de escrever e enviar cartas. Cartas que, frequentemente, chegavam aos seus destinos quando as palavras nelas impressas já não continham novidade alguma. E era gratificante perceber que, mesmo assim, elas funcionavam como uma pequena máquina do tempo. Ainda que os fatos já fossem conhecidos, a emoção colocada em cada palavra no momento em que as escrevi só era recebida e, portanto, finalmente compartilhada, algum tempo depois. Por alguns instantes, o tempo era outro para quem lia o que fora escrito. Hoje, as palavras têm efeito imediato e cheguei a pensar que aquela máquina do tempo não conseguiria mais transportar o eventual leitor a um momento distante do tempo das palavras.
Com o fim das cartas, durante muito tempo concentrei meu passatempo nos cartões que sempre fiz questão de escrever para os meus pais, meus irmãos, minha esposa e meus amigos. Por anos a fio, cada aniversário, cada data marcante, cada momento de celebração ficaram registrados nas palavras que eu colocava no papel, quase sempre de agradecimento pelo privilégio do convívio com cada um deles.
Há dois anos, por pura insistência de amigos, abri minha página no Facebook. Ao longo de todo o primeiro ano, minhas incursões por aquela rede social se limitaram a curtir alguns posts e a cumprimentar amigos pelos seus aniversários. Entretanto, de um ano para cá e, especialmente, nos últimos seis meses, comecei a enxergar no Facebook uma chance de reativar meu interesse em escrever. Tudo começou de forma tímida, com uma crítica política específica, uma observação comportamental e, de repente, eu já não conseguia mais conter o meu impulso de escrever sobre os mais diversos tópicos, com apenas uma coisa em comum a todos eles: eram assuntos que me inspiravam, me motivavam ou me emocionavam de alguma forma. Tiveram papéis de destaque, neste período, a Copa do Mundo, as eleições presidenciais e o cenário político-econômico brasileiro. Entretanto, há exatos quatro meses, minha mãe foi diagnosticada com uma doença terminal que a levaria definitivamente menos de dois meses depois. Alguns dos meus textos, a partir de então, foram dedicados a ela e também ao meu pai, cuja saúde requer cuidados ainda hoje. Meu pai – cuja capacidade de escrever com maestria e emoção, entre inúmeras outras coisas – me inspirou ao longo de toda a minha vida.
Diante de tudo isso, comecei a perceber que eu escrevia não mais por hobby, por passatempo ou por diversão. Escrevia porque essa era a única forma de me manter sóbrio dentro do turbilhão no qual eu estava vivendo. Escrevia porque passei a sentir verdadeira necessidade de externar meus sentimentos, minhas emoções, meus pontos de vista. Escrevia porque senti que as minhas palavras encontraram eco nos corações de muitas pessoas, às quais agradeço profundamente. Escrevia, enfim, porque percebi que, dessa forma, estava novamente ativa a minha pequena máquina do tempo que julgara há muito obsoleta.
E é exatamente em função desse somatório de fatores que nasce hoje este blog. Como coloquei no prefácio, um blog sem nenhum tipo de pretensão a não ser escrever inadvertidamente sobre todo e qualquer assunto que desperte a minha emoção. Ele poderá ser denso ou ingênuo, sóbrio ou despojado, suave ou tristonho. Apenas não tenho a menor intenção de torná-lo ordinário, desinteressante ou tolo e, para isso, peço de antemão ajuda daqueles que se dispuserem a lê-lo. Ele poderá conter dicas de viagens, relatos de experiências vivenciadas, textos antigos ou simples mensagens de amor a pessoas próximas. Será, portanto, uma forma de externar um pouco do que sou e do que penso. Será também, tenho certeza, uma forma de autoconhecimento, um divã sem analista, um espelho sem disfarces para a minha própria autocrítica. Espero que o eventual leitor que quiser me acompanhar nesta nova jornada (ou em partes dela), possa também se inspirar de alguma forma, e também me ajudar a fazer deste novo desafio uma fonte de reflexão, de motivação e de crescimento para todos!
16 respostas a Meus motivos para escrever…