A caneta…

images.jpeg-5

– O senhor tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

– Tenho certeza sim. Ele tá se achando muito estrela. Tenho que acabar com isso daí.

– Senhor, estamos no meio de uma guerra. O senhor acha prudente trocar o comando justamente agora?

– Toda hora é hora pra fazer o que é certo, talkei?

– Mas o homem tá fazendo um ótimo trabalho, super reconhecido.

– Pois é, mais reconhecido do que eu. Isso eu não admito de jeito nenhum.

– Mas o que o senhor vai alegar pra mandar ele embora? Se disser que o motivo é esse sua reputação vai por água abaixo.

– Já tenho gente cuidando disso daí. Já estão espalhando que o cara roubou, que só quer me ferrar, que é pau-mandado daqueles esquerdistas.

– Assim, de uma hora pra outra? E o senhor acha que o povo vai acreditar nessa história?

– É claro. Olha só quanta gente tá lá fora esperando pra me aplaudir.

– Senhor, não tô falando do seu g… da sua militância. Esses vão acreditar em qualquer m… qualquer coisa que o senhor disser. Tô falando do povo mesmo. Sua popularidade tá cada vez mais baixa.

– Bobagem. Tá alta e vai ficar mais alta ainda depois que eu colocar esse sujeito pra fora a pontapés. Eles vão saber que quem manda aqui sou eu.

– Eu não sei se isso é uma boa ideia…

– É excelente. Liguei pra muita gente e todo mundo tá me apoiando.

– Quem?

– Meu tio que mora na Virgínia, meus filhos, o cara que saiu da cultura (ah, que saudade dele), o presidente da associação de terraplanistas, só pessoal de alto nível. Teve gente que até largou o parquinho pra vir me cumpLimentar, quer dizer, me dar apoio.

– Senhor, acaba de sair uma pesquisa atestando que mais de 70% da população concorda com as medidas adotadas até agora.

– E você acredita em pesquisa? Principalmente anunciada por aquele conhecido apresentador daquela conhecida televisão?

– Bom, o senhor é quem sabe.

– Sei sim. Eu disse que a hora dele tava chegando. Minha caneta tá pronta pra agir e eu não tenho medo de ninguém.

– Excelente, porque tem uns generais aí fora querendo dar uma palavrinha com o senhor.

– Generais? No plural?

– Sim, senhor.

– Tava agendado?

– Não, senhor.

– Bem, então vou lá agora para atendê-los. Pode ir pra casa. Vejo você amanhã.

– Senhor! Senhor! A caneta. O senhor esqueceu a caneta…

Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário