Entrevista presidencial…

– Boa noite, presidente. Podemos começar a entrevista?

– Podemos sim, Monica. É um prazer recebê-la, querida.

– O prazer é todo meu, presidente. Bem, começo perguntando se é dificil conviver diariamente com tanta pressão.

– Ah, um inferno! Nenhum ser humano foi tão perseguido neste país quanto eu. Mas não vou me matar nem fugir do Brasil. Vou brigar até o fim.

– E quanto à sua candidatura?

– Não abro mão dela, querida. Meu nome estará na urna eletrônica no final do ano, custe o que custar.

– Mas, presidente, tem muita gente que aposta que essa candidatura não vai se concretizar…

– Na verdade, tem gente que torce porque sabe que eu vou ganhar novamente. Mas ninguém vai me fazer desistir. Já mudei este país uma vez e sei que posso ajudar a mudá-lo novamente.

– Mesmo com todos os escândalos de corrupção que ocorreram em seu governo?

– Querida, você tem filhos? Sabe o que cada um deles está fazendo agora? Pois é. Eu também não tinha como controlar isso. São muitos cargos indicados por muitos partidos.

– Sinto um certo arrependimento com a formação da sua base aliada, presidente…

– Só me arrependo de não ter percebido quantas pessoas desleais estavam à minha volta, querida. Principalmente aquele que vivia dizendo que jamais me abandonaria.

– O Palocci, presidente?

– Não, Monica. O Lula, é claro!

– O Lula? Achei que ele fosse seu amigo de verdade, presidente.

– Já passei da fase de fingir companheirismo, querida. Ele nunca gostou de mim. Só me elegeu para que eu guardasse o lugar dele no Planalto. Ainda bem que não deixei. Depois da eleição me deixou sozinha com os pepinos todos. Deve ter ficado cuidando do instituto, do sítio, do triplex, sei lá. E ainda colocou aquele vampiro como meu vice duas vezes. Uma pessoa que faz isso pode ser meu amigo? Não, aquilo ali não presta. Mas ele vai passar a ver o sol nascer quadrado muito em breve. É um calhorda, um filho da p…

– Bom, acho que está na hora de encerrar a nossa entrevista, presidente.

– Mas eu ainda não falei das minhas propostas para o senado. Vou incentivar as pesquisas para estocagem de vento, vou propor a criação do dia nacional das vítimas de golpe, vou inaugurar o memorial da mandioca…

– É, pelo visto a senhora continua workalcoolic como sempre. Boa noite, presidente!

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