As jabuticabeiras da mamãe…

Hoje tem jabuticaba no pé, mãe. Todas as jabuticabeiras do Canto estão carregadas de frutos. Chupei muitos deles no fim de semana e levei outros tantos para casa. Ao contrário do que costumava fazer, nem as primeiras jabuticabas foram engolidas de forma displicente. Saboreei cada uma delas como se fosse a última. E cada uma delas tinha um pouquinho da sua energia, da sua história, do seu amor. Cada uma delas nasceu de uma árvore que você plantou, adubou e regou com imenso carinho. Quando as plantou – mudas tão pequenas e com longos anos de espera até que começassem a frutificar – você chegou a duvidar que estaria aqui para provar seus frutos. Você esteve, mãe. Esteve também para plantar outras inúmeras árvores que também floriram e frutificaram. Tomando a jabuticabeira como referência, pode ter lhe parecido que a sua vida foi mais longa do que você mesma esperava viver. Entretanto, tomando a sua vida como referência, parece-me hoje que as jabuticabeiras são as árvores que mais rapidamente se desenvolvem, que mais rapidamente dão frutos.

Você se foi mas as jabuticabeiras estão aqui. Elas sentem demais a sua falta, mas não se esquecem o quanto foram cuidadas e amadas. Estão enfrentando tempos difíceis, com escassez de água e ventos fortes que as fazem vergar. Mas, mesmo assim, não tombam facilmente. Dão dando frutos, seguem suas vidas, superam as dificuldades e torcem para que muitas outras árvores sejam plantadas ao longo do caminho de cada um. Que o longo tempo até a colheita não seja empecilho para que alguém deixe de plantar. Mesmo que não venhamos a provar os frutos das árvores que plantamos, sempre haverá alguém para saboreá-los por nós e, nesse momento, olhar para o céu e nos agradecer por termos feito a nossa parte do combinado. Assim, vida, energia e amor se perpetuam. Por isso, obrigado, mãe. Jamais provei jabuticabas tão doces em toda a minha vida!

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